Retrospectiva 2019: um ano de desafios, mas de grandes conquistas
Mesmo com o contingenciamento, UFG mostrou sua força e manteve excelência no ensino, na pesquisa e na extensão
Texto: Marina Sousa
Fotos: Secom/UFG
O ano de 2019 foi desafiador para a Universidade Federal de Goiás (UFG), que passou por contingenciamento orçamentário e precisou enfrentar uma batalha de narrativas criadas contra as instituições públicas de ensino superior.
Mas a UFG resistiu e mostrou que 2019 também foi um ano de grandes conquistas, com o desenvolvimento de pesquisas científicas de grande impacto social, a aproximação com a sociedade, a consolidação de parcerias e a criação de novos cursos de graduação, o que reafirma que, mesmo diante das dificuldades, a Universidade continua sendo um espaço de conhecimento, de diálogo, de exercício da democracia e onde o ensino público de qualidade é referência nacional.
Contingenciamento
Em abril de 2019, o Ministério da Educação (MEC) anunciou o contingenciamento de R$ 1,7 bilhão de 63 universidades e de 38 institutos federais de educação. Na UFG, foram bloqueados cerca de R$ 27 milhões da verba de custeio, representando um déficit de 69% do orçamento previsto para o pagamento de serviços essenciais, como energia, água, segurança e limpeza, além do pagamento de parte das bolsas de ensino, pesquisa e extensão a alunos de graduação e de pós-graduação.
Mesmo que no fim do ano o MEC tenha desbloqueado todo o orçamento previsto em lei para as universidades, as despesas acumuladas e o déficit de recursos são obstáculos para a saúde financeira das instituições. O reitor da UFG, Edward Madureira Brasil, explica que a UFG já passa por defasagem orçamentária desde o ano de 2014 e essa situação não está em consonância com o crescimento da Universidade, que a cada ano recebe novos alunos, cria novos cursos, adquire equipamentos, além dos reajustes dos contratos vigentes.
"Estamos adotando medidas para tentar corrigir a defasagem entre os recursos destinados à UFG e as despesas da Universidade, mas isso não é suficiente. O Ministério da Educação precisa reajustar o orçamento", afirma o reitor. Sendo assim, a UFG começa o ano de 2020 no vermelho, com dívidas no valor de R$ 21 milhões.
A vice-reitora, Sandramara Matias Chaves, explica que a gestão tem atuado incansavelmente frente ao Congresso Nacional, para contribuir no diálogo com o governo federal. "Continuamos arduamente com as conversas com todos os setores da sociedade, pedindo apoio e falando sobre a realidade que a UFG vem enfrentando. Vamos começar 2020 com muitos desafios e precisamos do apoio de todos".
Rankings atestam qualidade
A qualidade do ensino, da pesquisa e da extensão realizados na UFG foram mais uma vez comprovados pelos rankings divulgados ao longo de 2019. Treze dos 17 cursos da UFG avaliados no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) em 2018 estão na faixa 4 e 5, as maiores da avaliação. O Conceito Enade é baseado no desempenho dos estudantes concluintes dos cursos de graduação.
A UFG também está entre as 20 melhores universidades do Brasil, de acordo com o Times Higher Education World University Rankings 2020, um dos principais rankings universitários internacionais. O resultado é melhor do que o alcançado em outro ranking divulgado este ano pela mesma instituição, que avaliou apenas as universidades da América Latina, no qual a UFG ficou na 22ª posição entre as universidades brasileiras.
O 20º lugar também foi garantido na edição anual do Ranking Universitário Folha (RUF), realizado pelo Jornal Folha de São Paulo em 196 instituições de ensino superior avaliadas no ano de 2017. A avaliação é feita com base em dados nacionais e internacionais e em pesquisas de opinião do Datafolha.
Por fim, a UFG também manteve a boa classificação no Índice Geral de Cursos do Inep, em que foi classificada com nota 4. Em Goiás, 77 instituições de ensino superior foram avaliadas e apenas 10 alcançaram o IGC 4.
Pesquisas de impacto
Em 2019, diversas pesquisas da UFG ganharam destaque nacional e internacional. O estudo realizado no Laboratório de Métodos de Extração e Separação (Lames), do Instituto de Química (IQ), desenvolveu um exame clínico da cera de ouvido que pode levar à detecção de doenças como o câncer em diferentes estágios.
Outro estudo importante, desenvolvido no Instituto de Física (IF), foi a descoberta de um composto químico à base de pequenas moléculas ligadas ao elemento químico cádmio (Cd), capaz de aumentar de 20% para 75,4% a eficiência de telas. Com isso, seria possível uma redução nas contas de energia e aumento na duração da bateria dos dispositivos.
Já na Faculdade de Farmácia, uma pesquisa desenvolveu uma partícula capaz de capturar a cocaína em circulação no sangue de um organismo vivo. Testes feitos em laboratório indicaram uma capacidade de captura da cocaína do organismo de cobaias de cerca de 70%, revertendo rapidamente os sintomas típicos de uma overdose, como a hipertensão arterial, que levaria à morte por insuficiência cardíaca.
Novas universidades federais
A UFG também presenciou um momento histórico com a posse dos reitores pro tempore das Universidades Federais de Catalão (UFCAT) e de Jataí (UFJ), consolidando uma luta de mais de três décadas. "É uma conquista para a educação e para todo o estado de Goiás", ressalta Edward.
As duas novas universidades federais foram criadas no dia 20 de março de 2018, com a sanção presidencial das Leis n° 13.634 e n° 13.635. Os reitores pro tempore Roselma Lucchese (UFCAT) e Américo Nunes da Silveira (UFJ) serão responsáveis pela elaboração de uma proposta de estatuto e pelo estabelecimento das condições para a escolha dos reitores definitivos.
Novos cursos e internacionalização
A UFG será a primeira universidade do Brasil a oferecer o curso superior em Inteligência Artificial. As 40 vagas serão ofertadas já no Sistema de Seleção Unificada (Sisu) de 2020. A graduação em Inteligência Artificial será ministrada pelo Instituto de Informática (INF) da UFG, no Câmpus Samambaia, em Goiânia – unidade acadêmica que já é referência nacional em ensino e pesquisa nessa área.
Em 2019 também foi estabelecido o acordo entre a sede do Instituto Confúcio da China e a UFG, consolidando um processo que começou em 2017 com o então reitor Orlando Amaral. O instituto ficará na Faculdade de Letras (FL), no Câmpus Samambaia, onde serão ministrados cursos de mandarim e de cultura e história chinesas. Já na Faculdade de Enfermagem (FEN), no Câmpus Colemar Natal e Silva, será instalado um centro de medicina chinesa, onde serão ofertados cursos como acupuntura e massagem.
Articulação
Para fazer frente aos ataques às universidades federais, a UFG, por meio do reitor Edward Madureira Brasil e da vice-reitora Sandramara Matias Chaves, se fez presente em diversos espaços de discussão e dialogou com diferentes setores da sociedade. A Universidade manteve postura crítica em relação ao Future-se, proposto pelo governo federal, sempre em defesa da autonomia universitária e do ensino superior público e gratuito.
Em dezembro, a Assembleia Legislativa de Goiás aprovou o projeto de lei que propõe isenção no pagamento de ICMS no fornecimento de energia elétrica da UFG. Com essa tributação especial proposta para quatro anos, a Universidade deve economizar por volta de R$ 16 milhões. "O acolhimento da proposta do deputado Vinicius Cirqueira demonstra o reconhecimento do papel fundamental que a UFG tem no desenvolvimento do Estado. Precisamos de parcerias como essa para que consigamos atravessar esse momento de crise e continuar contribuindo para todo o estado de Goiás", afirma o reitor.
Já a Câmara Municipal aprovou projeto de lei que institui o dia 14 de dezembro como o Dia Municipal em Defesa das Universidades Federais de Goiás, que deve ser sancionada pelo prefeito de Goiânia, Iris Rezende, nesta sexta-feira (27/12). "A criação desta lei, pela qual o município vai dedicar um dia em especial à instituição que tanto contribui para o desenvolvimento de Goiânia, do estado e do país, é motivo de muito orgulho para todos nós", afirma Edward.
Fonte: Reitoria Digital
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