Filósofo e educador, Ildeu Coêlho recebe título de professor emérito da UFG
Honraria foi concedida pela relevante atuação acadêmica do docente, principalmente na área da Educação
Texto: Luiz Felipe Fernandes
Fotos: Carlos Siqueira
A contribuição de Ildeu Moreira Coêlho para o pensamento filosófico, a formação de profissionais e a educação brasileira foi reconhecida nesta quinta-feira (30/5) com o título de professor emérito pela Universidade Federal de Goiás (UFG). A honraria foi outorgada ao professor da Faculdade de Educação (FE) pelo reitor Edward Madureira Brasil, em sessão solene realizada no Centro Cultural UFG, na Praça Universitária.
Em um discurso marcado por histórias de sua trajetória profissional, Ildeu relembrou sua origem simples em Itauçu, no interior de Goiás. Filho de camponeses, o professor atribuiu à generosidade do pai a incursão pela educação formal. Após a conclusão do terceiro ano no Colégio Santana, na Cidade de Goiás, Ildeu foi para Minas Gerais, onde cursou Filosofia, área de conhecimento que o acompanhou até o doutorado na Universidade de São Paulo (USP). Sob orientação da professora Marilena Chauí, Ildeu foi o primeiro doutor em Filosofia de Goiás.
Seu ingresso na UFG se deu em 1970, como auxiliar de ensino. Foram seis concursos até se tornar professor efetivo de dedicação exclusiva da FE - sua segunda casa, como ressaltou - onde ainda atua na pós-graduação. Suas contribuições, porém, extrapolaram os cursos da área da Educação. Ildeu percorreu o Brasil compartilhando sua bagagem intelectual, com destaque para a formação de profissionais de diversas áreas.
Professor Ildeu Moreira Coêlho recebe título de professor emérito das mãos do reitor Edward Madureira
Na contramão
"Sempre pensei na contramão do discurso dominante. É minha postura filosófica", disse, ressaltando que nunca se omitiu em assuntos polêmicos ou delicados. Ildeu contou que em 1980, na véspera do primeiro seminário sobre formação de professores na UFG, a FE recebeu ligações e um bilhete anônimos informando que ele não poderia falar no evento, que teria como tema "O caos da educação: a quem cabe a responsabilidade?". Em outro exemplo dessa postura, mais recentemente Ildeu se envolveu pessoalmente na defesa da concessão de bolsas a pós-graduandos, frente à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
Em uma crítica à formação para o mercado de trabalho e os "saberes por encomenda", o professor defendeu a educação com sólida formação teórica, que dê ao estudante a capacidade de compreender o mundo. "Não se faz um povo, uma nação, disseminando ódio e armas, criando medo. Essas ideias banalizadas são hoje dominantes. Entretanto, como instituição, a escola, a universidade, o ensino, a pesquisa e a formação são, por natureza, inseparáveis da sociedade", afirmou.
Homenagens
Para o reitor da UFG, a concessão do título de professor emérito a Ildeu Coêlho é a coroação de uma carreira brilhante. Segundo Edward, é importante reconhecer trajetórias que contribuíram para a instituição, sobretudo em um momento de ataques à universidade pública. "Vejo uma universidade madura, qualificada, preparada e, por outro lado, uma universidade extremamente ameaçada. Mas não tenho dúvida do resultado dessa disputa: nós vamos vencer", declarou.
"Esse título é também um ato político, para reafirmar tudo que somos, pensamos e fazemos, conforme nos ensinou o professor Ildeu", acrescentou a diretora da FE, Lueli Nogueira da Silva. Em um discurso emocionado, ela destacou a atuação competente, ética e generosa do professor. "A FE foi forjada e moldada pela forma de ver, de pensar, de sentir o mundo e a vida do professor Ildeu. A FE tem sua marca, sua mão, sua alma".
Falando em nome da comunidade acadêmica, o professor Pedro Adalberto Neto evidenciou a bagagem intelectual do homenageado, "um homem raro que não se deixou levar pelo imediatismo de um saber raso e que se opôs aos discursos ideológicos e às mesmices". Coube a Pedro apresentar a trajetória do professor desde suas origens até o mais alto grau da formação acadêmica. Em seu discurso, qualificou Ildeu como "um homem simples que se dedicou à universalidade do saber, exemplo de dedicação e compromisso profissional".
Homenageado por colegas professores, amigos, técnicos administrativos e estudantes da UFG, Ildeu também foi saudado pelos familiares, com destaque para as mensagens dos netos, gravadas em vídeo.
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Fonte: Secom/UFG
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