Inclusão científica é tema de debate

Texto: Carolina Melo

Fotos: Carlos Siqueira

Estratégias para aproximar o conhecimento científico dos estudantes do ensino básico e das comunidades foram o destaque da mesa-redonda “Inclusão científica: desafio para o desenvolvimento”, que ocorreu na manhã de hoje (16). Ao longo do encontro, três iniciativas que contribuem para desmistificar a ciência e aproximar a universidade de segmentos da sociedade foram apresentadas: a Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace), vinculada à Universidade de São Paulo (USP); o Projeto Imagine da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), direcionado à inclusão científica e ao intercâmbio cultural; e o projeto de robótica Pequi Mecânico, da UFG.

No atual cenário educacional que exige, entre suas competências, o domínio da linguagem digital, a autonomia no processo de aprendizagem, o espírito empreendedor, a comunicação da língua materna e de línguas estrangeiras, “a Febrace foi criada para despertar e estimular o protagonismo jovem em Ciência & Tecnologia”, afirmou a coordenadora da Feira, a professora Roseli de Deus Lopes. Nesse sentido, a feira busca se consolidar como um espaço de provocação e de visibilidade das escolas e professores que vêm fazendo a diferença na construção desse protagonismo.

Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace) foi apresentada pela professora Roseli de Deus Lopes (USP)

De acordo com Roseli Lopes, todo ano a Feira recebe quase 800 estudantes da Educação Básica que expõem seus projetos de pesquisa. Alguns dos projetos são selecionados para competições internacionais. “Todos os anos há premiados nessas competições internacionais, o que demonstra a nossa competência para assumir esses espaços”, afirmou. Conforme dito, o site da Febrace disponibiliza vídeos e textos direcionados aos estudantes da Educação Básica interessados ou que foram estimulados a entender os processos de execução de projetos de pesquisa. “Também oferecemos cursos onlines para outras feiras que se interessam em seguir as regras da Febrace”. A professora relatou, ainda, a rica experiência da iniciativa, que permite inclusive entender a realidade das escolas do Brasil. “Temos talentos em Ciência e Tecnologia, precisamos mudar a cultura e valorizar esses talentos. Acreditamos que podemos fazer a diferença”.

Da esquerda para a direita, os professores André Ramos (UFSC), Marco Antônio Assfalk de Oliveira (UFG) e Alcir Horácio Silva (UFG)

Para apresentar o Projeto Imagine, o coordenador e professor André Ramos convidou o público a fazer uma viagem pelo Brasil e pelo mundo. Destacou a desigualdade no mapa da produção científica, ilustrada pela ampla produção do Hemisfério Norte e pela baixa produção dos países africanos e da América Latina, e fez o diálogo com o mapa da fome e da desigualdade entre as regiões do mundo em relação à presença dos adolescentes nas escolas. Segundo André Ramos, o Projeto Imagine, que busca a inclusão científica internacional, tem como público-alvo “as comunidades rurais, indígenas e aquelas que estão mais longe do mundo acadêmico”. Nesse sentido, os cientistas vão até às comunidades visando, entre os objetivos, trocar experiências; desmistificar a ciência e o cientista; desconstruir preconceitos; e mostrar que a ciência não serve apenas para resolver problemas.

De acordo com o professor, o Projeto vem atuando em comunidades rurais, quilombolas e indígenas no Brasil e no Peru. A metodologia dos encontros é baseada em três módulos: Diversidade e hereditariedade; Energia; e Medicamentos. A vivência é realizada ao longo de uma semana, tempo em que cientistas e comunidades trocam conhecimentos e sociabilidades.

Professor Marco Antônio Assfalk de Oliveira defendeu a democratização dos conhecimentos

O projeto vinculado a Universidade Federal de Goiás (UFG), Pequi Mecânico, também foi apresentado pelo coordenador e professor, Marco Antônio Assfalk de Oliveira, que, ao longo de sua exposição, fez uma reflexão sobre quais são as possibilidades do projeto no sentido de contribuir para uma efetiva inclusão científica. O professor fez uma análise do que é necessário para que essa inclusão seja promovida. De forma metodológica discutiu sobre os conhecimentos necessários que devem ser democratizados, o público-alvo e as estratégias. No caso específico do projeto da UFG, destacou os cursos oferecidos em parceria com a Secretaria Estadual de Educação, as palestras em eventos temáticos, e a organização e participação na Olimpíada Brasileira de Robóbica (OBR). “O que percebemos é que a robótica é o chamariz e, por meio dela, os estudantes aprendem matemática, física, lógica e comunicação”. O mesa-redonda foi mediada pelo diretor do Centro de Ensino e Pesquisa Aplicado à Educação (CEPAE) da UFG, Alcir Horácio Silva.