Professor da UFG é primeiro autor de artigo na Science
Pesquisa apresentou modelo que explica como se desenvolveu a biodiversidade da América do Sul. Andes explica biodiversidade na Amazônia
Texto: Kharen Stecca
Existem diversas explicações de como surge a biodiversidade no planeta. As hipóteses costumam levar em conta apenas um fator específico como clima ou água e deixam outras explicações de lado, gerando lacunas e contradições nesse entendimento. Um grupo de pesquisadores liderados pelo professor Thiago Rangel, do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Goiás (UFG) mudou essa perspectiva. A pesquisa publicada na revista Science no dia 20 de julho, apresentou um modelo computacional que permitiu unir diversas explicações e hipóteses para a biodiversidade na América do Sul com dados climatológicos dos últimos 800 mil anos.
"O modelo de simulação busca replicar no computador os processos reais que ocorrem na natureza. Com as melhores estimativas de padrões de clima no passado, observamos como as linhagens de espécies têm evoluído diante das mudanças climáticas. Fomos ajustando de forma que melhor correspondesse ao mundo real", explica Thiago Rangel.
A conclusão é que o fato dos Andes estarem bem ao lado da Amazônia, gerando uma combinação única na Terra de uma cordilheira longa e fina, no eixo norte-sul, exatamente ao lado de uma floresta tropical úmida permitiu que, durante ciclos de oscilação climática, como a era do gelo, espécies pudessem se refugiar nos Andes durante o aquecimento, e na Amazônia durante o resfriamento. Além disso, em diversas fases desses ciclos houve contato da fauna e flora entre a Amazônia e Mata Atlântica.
"A América Sul é um continente de muitos contrastes na biodiversidade, pois temos um Atacama (com biodiversidade mínima) muito próximo da Amazônia (com biodiversidade incomparável). Então, nada melhor do que testar as explicações para surgimento da biodiversidade no continente mais desafiador do ponto de vista científico", afirma o professor. E completa: "Para nossa surpresa, nosso modelo não apenas indica com grande precisão a biodiversidade na América do Sul, mas também nos informa os locais onde historicamente a maior parte das espécies surgiu, extinguiu ou sobreviveu".
A pesquisa financiada com recursos da Capes, pelo Programa Ciência sem Fronteiras, foi feita por um grupo internacional, com quatro pesquisadores vinculados ao Programa de Pós-graduação (PPG) em Ecologia e Evolução da UFG, dois britânicos, um americano, um holandês e um dinamarquês, reunindo informações de diversas sub-áreas da biodiversidade.
Assista ao vídeo do professor Thiago Rangel explicando a pesquisa.
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