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Lucia Santaella aborda o atual estágio da conectividade

Em 10/05/18 10:51.

Professora da PUC-SP participou do V Simpósio Internacional de Inovação em Mídias Interativas

Texto: Luiz Felipe Fernandes

Fotos: Media Lab

O cenário descrito pela professora Lucia Santaella parece, por vezes, ficção científica. Mas durante toda a sua fala, ela faz questão de trazer o público à realidade, lembrando que muitas das inovações descritas já são realidade. "Em breve, todas as coisas estarão conectadas sem bordas – objetos, máquinas e/ou artefatos, interagindo de maneira inteligente e gerando ações inteligentes responsivas ao comportamento humano", disse a professora da PUC-SP durante sua participação no V Simpósio Internacional de Inovação em Mídias Interativas (SIIMI), nesta quinta-feira (10/5).

Confira aqui a programação do SIIMI, que vai até o dia 11/5.

Com o tema Conectividade Expandida, a palestra de Lucia Santaella abordou o atual estágio de conexão proporcionado pela tecnologia, considerado por alguns estudiosos como a quarta Revolução Industrial e a segunda Revolução da Internet. Para a professora, existem hoje três camadas sobrepostas: a conectividade social, a conectividade híbrida e a arquiconectividade.

Lucia Santaella

Lucia Santaella é professora da PUC-SP e referência nos estudos sobre os efeitos sociais das novas tecnologias

A primeira está relacionada à nova fase das chamadas redes sociais. "Deixamos para trás a euforia celebratória da Web 2.0, pretensamente democratizante, aberta à participação e ao compartilhamento de todos com todos. Hoje os oceanos de dados que vamos deixando cada vez que adentramos nas redes sociais são manipulados por poderosos algoritmos. Tudo está sendo monitorado 24 horas pelo grande olho da rede", explicou.

O problema é que a conectividade social, responsável por uma personalização extrema dos dados, gera as chamadas câmaras de eco ou salas espelhadas, "onde tudo o que vemos ou consumimos é reflexo de nós mesmos". O resultado são as bolhas filtradas, as fake news e a pós-verdade, ou seja, informações unilaterais que tornam as pessoas mais vulneráveis a propagandas e manipulações.

A saída, para a professora, é a formação educacional que habilite o usuário a colocar seus preconceitos à prova. Além disso, é possível usar esses filtros informacionais para ampliar nossos gostos e experiências.

Robôs
A outra camada – a conectividade híbrida – diz respeito à robótica e à conexão por corpo. Com algoritmos evolutivos, robôs são capazes de aprender à maneira de um organismo vivo dotado de inteligência. Com a fusão do biológico, do digital e do físico são criados os mais diferentes dispositivos, como chips, implantes e próteses que podem ser aplicados em diferentes áreas, como a da saúde.

Por último, Lucia Santaella falou do que ela tem denominado de arquiconectividade. Nessa camada estão a internet das coisas, a realidade aumentada e as tecnologias portáteis, vestíveis e implantáveis. "O que se prevê são ambientes de computação em redes globais e ambientes imersíveis invisíveis, em um tecido de informação de abrangência mundial".

A professora ponderou que todas essas transformações não se dão de modo homogêneo em todas as sociedades e nem mesmo dentro de um mesmo país. "As diferenças são abissais. De qualquer maneira, e por mais indignação que isso possa nos provocar, é preciso considerar que os limiares tecnológicos apresentados descrevem o estado em que se encontra hoje a evolução do sapiens sapiens", concluiu.

Fonte: Secom/UFG

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