Professor fala sobre saúde mental, trabalho e amor na universidade
Alex Ratts participou de roda de conversa na Semana das Trabalhadoras e dos Trabalhadores, promovida pelo DDRH, em parceria com o SINT-Ifesgo
Texto: Mariza Fernandes
Fotos: Adriano Justiniano
“Os docentes adoecem em meio aos silêncios que existem na universidade”. Assim o Professor Alex Ratts, do Laboratório de Estudos de Gênero, Étnico-raciais e Espacialidades da UFG (LaGENTE), iniciou a fala na roda de conversa que integrou as atividades da Semana das Trabalhadoras e dos Trabalhadores, promovida pelo Departamento de Desenvolvimento de Recursos Humanos da UFG (DDRH), em parceria com o Sindicato dos Trabalhadores Técnico-administrativos das Instituições Federais de Ensino Superior do Estado de Goiás (SINT-Ifesgo). Realizado em espaços abertos da universidade, o evento tem o objetivo de promover debates sobre o trabalho na instituição. “Ao invés de estarmos em uma sala fechada, abrimos espaço para uma roda de conversa sobre conscientização”, afirmou a diretora do DDRH, Rosângela Nunes de Almeida Castro.
Professor Alex Ratts, coordenador do Laboratório de Estudos de Gênero, Étnico-raciais e espacialidades da UFG (LaGENTE)
A programação da Semana é composta por rodas de conversa, apresentações culturais, sorteio de livros e de ingressos de cinema e exibição de filme seguida de debate. Na quinta-feira (3), o convidado para a roda de conversa no Pátio das Humanidades foi o Professor Alex Ratts. O pesquisador fez uma fala com o tema "A cabeça do corpo docente", abordando saúde mental, trabalho docente e amor. A atividade começou com uma apresentação do grupo musical Coró de Pau.
Grupo Coró de Pau na abertura da atividade, no Pátio das Humanidades
Alex Ratts abordou a falta de discussões sobre o tema no espaço acadêmico em uma fala marcada por experiências pessoais e com uma perspectiva crítica sobre a forma como a comunidade acadêmica constrói relações. “Na universidade se espera que todos – o corpo docente, o corpo discente e o corpo técnico – cumpram o seu papel. Também somos informados de que a ciência deve ser objetiva. Em geral, os docentes acham que os discentes são todos iguais, como se não houvessem diferentes trajetórias”.
O professor falou ainda sobre um trecho da música “Amor de Índio”, de Beto Guedes, sobre amor e trabalho, que foi inserido no cartaz de divulgação do evento. “Falta amor nas nossas vidas” destacou Alex Ratts, em referência a uma citação da teórica feminista negra Bell Hooks. “Falta amor no trabalho docente e, como diz a autora, não falamos disso abertamente”, explicou. O professor citou ainda o escritor James Baldwin: “O amor é guerra, o amor é batalha, o amor é um crescimento. O amor é difícil para as pessoas e coletividades vulneráveis. Esse amor do qual eu estou falando não é o amor romântico, de novela... eu falo de experiências coletivas que frustram nossas experiências com o amor. Nós vivemos em uma sociedade em que o amor foi tolhido”, pontuou Alex.
Afetividade foi uma das pautas da roda de conversa
Alguns dos participantes aproveitaram a ocasião para destacar a importância dos temas levantados pelo professor. “É preciso coragem para falar sobre esse assunto. A gente precisa falar sobre isso, porque nós, na universidade, vivemos o adoecimento, não só do corpo como da mente”, afirmou a professora Juliana Ramalho, do Instituto de Estudos Socioambientais (Iesa). A Professora Angelita Lima, diretora da Faculdade de Informação e Comunicação (FIC), lembrou que o adoecimento na universidade é um problema de toda a comunidade “Nós estamos criando o ambiente pra que isso se perpetue. Os adoecimentos são sofrimentos individuais, mas quais são as ações que podemos fazer, no coletivo, para impedir ou diminuir o tamanho do abismo no qual estamos nos metendo?” questionou a professora.
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