Campanha #NãoÉNão! tem cartilha contra o assédio sexual
Vice-reitora Sandramara Matias quer mobilizar a comunidade na construção de uma universidade mais humana que saiba respeitar as diferenças
Texto: Versanna Carvalho
Fotos: Ana Fortunato
O Pátio das Humanidades foi o cenário do primeiro ato do lançamento da campanha institucional da Universidade Federal de Goiás (UFG) contra o assédio sexual, na quarta-feira (14), às 10h. Intitulada #NãoÉNão! Entendeu? Assédio Sexual é Crime a ação se materializa por meio de peças físicas e eletrônicas com uma identidade visual que remete à luta da mulher por direitos. Um deles é uma cartilha com orientações sobre o que é e a quem recorrer em casos de assédio sexual.
A palestrante convidada, a professora e vice-diretora da Faculdade de Ciências Sociais (FCS), Michelle Cunha Franco, reforça o intuito que a iniciativa tem de tornar a UFG um ambiente cada vez mais acolhedor e saudável para o estudo e o trabalho. Ela destaca que a existência de mecanismos institucionais é importante no sentido de coibir e prevenir todos os tipos de violência “simbólica ou material e de conflitos intersubjetivos que possam ocorrer nessa Universidade que está a cada dia mais, felizmente, mais complexa e mais plural”.
Michelle Franco: efeito pedagógico da campanha contribui para autopercepção do indivíduo
Na opinião da docente, o efeito pedagógico é, possivelmente, o mais importante da #NãoéNão!. Michelle Franco acredita que muitas vezes as pessoas não conseguem identificar as violências praticadas e consolidadas na sociedade na qual está inserida pelo fato de ela ser cheia de hierarquias, assimetrias e desigualdades. “Daí a necessidade de se criar um efeito pedagógico para que a pessoa desenvolva tanto a percepção e a autoconsciência de que está sendo violado, quanto a de que está sendo violador”, pontua.
Para a vice-reitora da UFG, Sandramara Matias, o lançamento da campanha é muito significativo para a Universidade, para a comissão de acompanhamento das questões relativas a assédio moral, assédio sexual, e também para a reitoria. “Nós estabelecemos um firme propósito de combater o assédio, o preconceito, e a violência de qualquer natureza na UFG. Nossa intenção é reforçar, mobilizar a comunidade universitária para se juntar a todos aqueles que defendem uma universidade mais humana que desenvolva atitudes de respeito em relação a toda a comunidade independentemente da orientação, do gênero, da origem ou qualquer outra coisa”, afirma.
Estudantes ocuparam o Pátio das Humanidades para conhecer a campanha
Comissão
A #NãoÉNão! é resultado do esforço da Comissão Permanente de Acompanhamento de Denúncias e Processos Administrativos Relacionados à Questões de Assédio Moral, Sexual e Preconceito, constituída no ano passado por meio da Resolução do Conselho Universitário (Consuni) nº12/2017. O grupo de trabalho tem a atribuição de instituir normas e procedimentos a serem adotados em casos de assédio moral, sexual e quaisquer formas de preconceito, no âmbito da UFG. A proposição de campanhas educativas e ações preventivas também fazem parte do escopo de trabalho da equipe.
A Comissão é composta por membros do gabinete da Reitoria, da Pró-Reitoria de Desenvolvimento Institucional e Recursos Humanos (Prodirh); do Sindicato dos Trabalhadores Técnico-Administrativos em Educação das Instituições Federais de Ensino Superior do Estado de Goiás (Sint-Ifes-GO); do Sindicato dos Docentes das Universidades Federais de Goiás (Adufg); do Diretório Central dos Estudantes (DCE); da Associação de Pós-Graduandos da UFG; um membro da Coordenação de Processos Administrativos (CDPA); e um representante de cada uma das regionais fora de sede.
Assédio
De acordo com a Resolução Consuni 12/2017, é considerada assédio sexual toda conduta com conotação sexual, não desejada pela vítima. São situações que caracterizam assédio sexual, entre outras: fazer insinuações de conotação sexual, por meio de comunicação verbal ou escrita, olhares, gestos, entre outras formas; aproximar-se fisicamente de forma inoportuna, tocar ou criar situações de contato corporal, sem consentimento recíproco, com persistente conotação sexual; constranger com piadas e frases de duplo sentido, fazer alusões que produzam embaraço e sensação de vulnerabilidade ou perguntas indiscretas sobre a vida privada; fazer ameaças de perdas significativas ou promessas de obtenção de benefícios em troca de favores sexuais; violar o direito à liberdade sexual de colegas e interferir no desenvolvimento das atividades laborais da pessoa vitimada; criar um ambiente de trabalho intimidante, hostil e ofensivo, que vai resultar em obstáculos à igualdade entre os sexos, em decorrência de discursos e práticas sexistas e LGBTfóbicas.
Conheça a cartilha da #NãoÉNão!
A iniciativa faz parte de dois eventos da UFG o A UFG é sua casa - Semana de Recepção no Pátio Humanidades e o Março Mulher Interinstitucional 2018 realizado em conjunto com Instituto Federal de Goiás (IFG), Instituto Federal Goiano (IFGoiano), Sindicato dos Docentes das Universidades Federais de Goiás (Adufg), Sindicato dos Trabalhadores Técnico-Administrativos em Educação das Instituições de Federais de Ensino Superior em Goiás (Sint-Ifes), Associação de Pós-Graduandos de Goiás (APGO) e Diretório Central dos Estudantes (DCE).
Fuente: Ascom/UFG
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