Pesquisa de doutorando da UFG é destaque em prêmio internacional
Renato Ávila recebeu no dia 10 de novembro o Lush Prize 2017, o Oscar da área dos métodos alternativos à experimentação animal
Texto: Caroline Pires
Fotos: Divulgação
“O homem não é um rato de 70kg”. A afirmação do professor e referência mundial em Toxicologia, Thomas Hartung, inspira as pesquisas de Renato Ávila na sua trajetória acadêmica e em especial no doutorado que está em andamento na Pós-graduação em Ciências da Saúde/UFG, sob a orientação da professora Marize Valadares. E mais do que isto, a frase semeou a inquietação de pesquisador que rendeu a Renato, no último dia 10 de novembro, o Lush Prize 2017, um concurso internacional que premia trabalhos científicos que viabilizam o fim de pesquisa em animais.
O prêmio representa o Oscar da área de métodos alternativos à experimentação animal. Renato considera a premiação o reconhecimento de 10 anos de pesquisa iniciada na iniciação científica durante a graduação no curso de Farmácia. “O trabalho que ganhamos foi 100% conduzido em território goiano, na UFG. É um prêmio que saiu do eixo Rio-São Paulo. Estamos mostrando que somos capazes, competentes e tão competitivos quanto qualquer parte do mundo”, comemorou o doutorando.
Prêmio é resultado de uma década de dedicação à pesquisa de métodos alternativos à experimentação animal
O trabalho de Renato Ávila propõe uma estratégia eficaz, livre de animais de laboratório e até com capacidade preditiva superior a esses modelos animais, para avaliar o potencial alergênico de produtos. “Estudos mostram que, além de terem maior poder preditivo, essas novas ferramentas in vitro, que não utilizam animais, tem maior relevância econômica, ou seja, são modelos menos onerosos do que se trabalhar com experimentação animal”, explicou.
Renato Ávila considera que não é fácil fazer ciência no Brasil, especialmente por conta dos cortes orçamentários de investimento governamental, além das altas taxas alfandegárias e a alta tributação de insumos destinados à pesquisa. Durante a própria pesquisa, o doutorando teve problemas em estabelecer as novas tecnologias livres dos animais de laboratório por conta da impossibilidade de adquirir reagente químicos. “Temos que mudar isso. A mudança da legislação vigente é arcaica e não favorece o desenvolvimento tecnológico do País”, defendeu.
Com prêmio Renato Ávila levou o nome da UFG a Suécia e mostrou que é possível fazer pesquisa fora do eixo Rio-São Paulo
Testes em animais
No Brasil, ainda são empregados com frequência pela academia e indústria testes modelos in vivo, ou seja, utilizando animais. Em comparação, na Europa, é proibido testar cosméticos em animais desde 2009 e a venda de qualquer produto do tipo em território europeu é proibida também, desde 2013. Dos Estados brasileiros, apenas São Paulo, Pará, Mato Grosso do Sul e Paraná proíbem essa prática. Há um projeto de lei (PLC 70/2014) que visa estender a proibição de testes de cosméticos em animais para todo o território brasileiro, mas o texto aguarda há anos em análise.
Renato explica que em 2014, o Brasil teve um pequeno avanço na área com o reconhecimento de 17 métodos alternativos ao uso de animais em atividades de pesquisa no Brasil (Resolução no. 18/2014). Em 2016, outra resolução normativa (31/2016) foi aprovada com a aceitação de mais sete métodos alternativos. Com a aceitação desses métodos, a Anvisa, que atua também como agência regulatória para estas pesquisa, passou a aceitar técnicas mais modernas para avaliação de alguns efeitos e parâmetros de segurança de produtos, que até então apenas modelos animais eram recomendados e aceitos.
O doutorando, que atualmente está estudando na Universidade de Lund, na Suécia, através do Ciências Sem Fronteiras, recebeu em Londres um prêmio de 10 mil libras esterlinas
Renato Ávila (segunda da esq. p/ dir.) recebeu o prêmio junto com pesquisadores de todos os continentes
Fonte: Ascom/UFG
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