Pesquisadores reivindicam recursos para Ciência e Tecnologia
Audiência Pública realizada na Assembleia Legislativa de Goiás compôs a programação do Dia C da Ciência
Texto: Patrícia da Veiga
Fotos: Carlos Siqueira
Quase 90% das pesquisas brasileiras são desenvolvidas em Programas de Pós-Graduação. Estes, por sua vez, estão em maioria vinculados a instituições públicas de ensino superior, cujos orçamentos estão sendo reduzidos de forma drástica. Esse foi o mote da audiência pública realizada nesta quarta-feira (25/10), na Assembleia Legislativa do Estado de Goiás (Alego). A atividade compôs a programação do Dia C da Ciência, evento que ocorreu simultaneamente em várias partes do país, no âmbito da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia.
De acordo com o reitor da UFG Orlando Amaral, o que vem acarretando a penúria nas áreas da Educação, Ciência e Tecnologia é a delimitação de um novo regime fiscal pela Emenda Constitucional n° 95/2016 (o resultado da Proposta de Emenda Constitucional 243/55, conhecida como “PEC da Morte”), que congela investimentos por 20 anos. “Esse é o principal fator de preocupação entre a comunidade científica e os gestores públicos. A regra é o contingenciamento do orçamento, mas essa não é a solução para a crise. Esse não é o melhor caminho para o país”, apontou Amaral.
Em decorrência das decisões tomadas em Brasília, as perspectivas para 2018 são ainda piores do que a situação vivenciada em 2017. “Será um ano catastrófico”, declarou a pró-reitora de Pesquisa e Inovação da UFG, Maria Clorinda Soares Fioravanti, na audiência pública representando também o Fórum Nacional de Pró-Reitores de Pesquisa.
Audiência pública teve como objetivo despertar a ação dos parlamentares goianos para o tema exposto
Conforme Maria Clorinda, muitos foram os avanços da pesquisa e da pós-graduação nas últimas décadas: os órgãos de avaliação e financiamento se consolidaram, os centros e laboratórios se multiplicaram e o número de pesquisadores aumentou (atualmente, existem cerca de 4 milhões de pessoas registradas na base de dados nacional). “É preciso destacar as nossas fortalezas”, apontou.
Ainda segundo a pró-reitora, nos anos em que o Estado investiu fortemente no setor, garantindo formação, infraestrutura e permanência financeira de projetos, o país alcançou a 13a posição no ranking da comunidade científica internacional. Isso, porém, está agora sob ameaça. “Cabe aqui salientar que os recursos existem, mas estão sendo contingenciados e utilizados para pagar a dívida pública brasileira. É importante lembrar que nossa Constituição diz que recursos para Educação, Ciência e Tecnologia não podem ser contingenciados”, denunciou Maria Clorinda.
Mediada pelo diretor da Alego Joel de Sant'anna Braga Filho, a audiência pública também contou com a participação de Maria Zaíra Turchi, presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapego) e Milca Severino, pró-reitora de Pesquisa e Pós-Graduação da Pontifícia Uniersidade Católica de Goiás (PUC-GO). Professoras aposentadas da UFG, ambas concordaram com o tom dos discursos, reforçando que sem investimento em Educação, Ciência e Tecnologia não há desenvolvimento social e econômico.
“São Paulo, por exemplo, é o que é porque a sua Fundação (Fapesp) existe há quase 60 anos e tem um orçamento anual de R$ 1 bilhão. Em Goiás, estamos fazendo o possível para cumprir com nossos compromissos e buscar acordos de cooperação nacionais e internacionais”, declarou Zaíra. “Os cortes orçamentários podem destruir sonhos. As bolsas de pesquisa, por exemplo, são a oportunidade de fornecer subsídios para jovens que, futuramente, irão desvendar a cura de novas doenças, descobrir e desenvolver novos medicamentos, criar novas tecnologias e repassar todo o seu conhecimento para novos aprendizes”, defendeu Milca.
Casa cheia durante audiência pública na Assembleia Legislativa nesta quarta-feira (25/10)
Milca Severino, Maria Clorinda Fioravanti, Joel Sant'anna, Orlando Amaral e Zaíra Turchi compuseram a mesa de debate
Dia C da Ciência
Promovido por cerca de 40 instituições, o Dia C da Ciência tem como objetivo difundir a produção científica brasileira, democratizar conhecimento e, consequentemente, incluir os cidadãos no debate sobre temas especializados que impactam a vida de qualquer pessoa. No pátio da Assembleia Legislativa, ao longo de todo o dia foram expostos painéis com resultados de estudos desenvolvidos pela UFG e por outras instituições de ensino e pesquisa de Goiás.
Pesquisas produzidas em Goiás foram expostas no saguão da Alego
Fuente: Ascom/UFG
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