Dança popular inspirada no cavalo marinho ganha os palcos goianos

Foram necessários anos de convivência e pesquisa na Zona da Mata pernambucana para a artista Tainá Barreto, oriunda de Brasília, chegar ao que foi intitulado Guarda Sonhos. O solo autoral será apresentado pela primeira vez em palcos goianos com estreia prevista para 30 de março, quinta-feira, às 20h, no Centro Cultural UFG, e reapresentação na sexta-feira, 31, no mesmo horário, em espetáculo que demonstra o quanto o significado de popular pode se ampliar quando não é levado ao pé da letra em cena.

Guarda Sonhos parte de tradições coletivas para chegar a uma expressão singular, trazendo para a cena as ferramentas que fazem parte da trajetória pessoal da intérprete-criadora, tais como as danças populares brasileiras, teatro físico e o butô. O espetáculo transita na fronteira entre a dança e o teatro, tateando possibilidades para a expressão de uma bailarina que trilha um caminho autoral. Elementos de frevo e cavalo marinho aparecem diluídos numa criação coreográfica que mescla informações corporais de diferentes contextos. Mais do que a recriação de movimento destas danças, este trabalho é um olhar para dentro, preenchido pela memória afetiva e pelas sensações corporificadas de uma intensa experiência com os sambadores pernambucanos.

Sua pesquisa criativa é atravessada pela brincadeira do cavalo marinho e do frevo e, em Guarda Sonhos, o público compartilha do seu aprendizado em anos de incursão nessa rica expressão da cultura popular brasileira, com um trabalho cênico sensível, poético e muito inspirador, que amadureceu ao longo dos anos de uma intensa pesquisa. “Em cena, lanço mão das minhas ferramentas artísticas e elabora as memórias afetivas deste encontro, trago tanto o que me comove no universo do cavalo marinho, quanto o que me alegra na festividade do carnaval”, avalia Barreto.

O resultado, contemplado pela Bolsa Funarte de Estímulo à Criação Artística 2008, traduz no palco, de maneira sutil, o encontro de alguém que veio de outras terras com quem faz essa que é uma das brincadeiras cenicamente mais ricas e dinâmicas da cultura popular e segue com fôlego para o que em breve será a sua centésima apresentação.

Tainá Barreto

Tainá agora reside em Goiânia e é professora efetiva do Curso de Licenciatura em Dança do Instituto Federal de Goiás. Com sua dança traz para Goiânia a experiência com as danças populares brasileiras em suas múltiplas interfaces com artes do corpo e da presença para transbordar em criação, ensino e diálogos fecundos com a comunidade goiana.

Natural de Brasília, iniciou sua formação em dança no balé clássico. É Mestre em Arte pela Universidade de Brasília (UnB), especialista em Dança pela Faculdade Angel Vianna (FAV/RJ), bacharel e licenciada em Dança pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Esse interesse pelas matrizes culturais da tradição pernambucana ela dividiu com o Grupo Peleja (SP/PE/PB), do qual foi integrante por mais de dez anos, com importantes espetáculos apresentados em diversas partes do País.

Ficha técnica
Coreografia, direção e interpretação: Tainá Barreto
Direção musical: Helder Vasconcelos
Trilha sonora original: Helder Vasconcelos e Johann Brehmer
Desenho de luz: Lineu Gabriel Guaraldo
Figurino: Fabiana Pirro
Coordenação técnica: Eduardo Albergaria
Execução de figurino: Regina Cely e Fábio Costa
Confecção de adereços: Maria do Socorro e Lineu Gabriel
Participações na trilha sonora: Andrea Ernest Dias, Cláudio Rabeca e Romildo Roma
Produção: Ana Carolina Wenceslau
Duração: 40 minutos.
Classificação livre.