Plantas do Cerrado podem tratar doenças intestinais
Estudo da UFG confirmou potencial medicinal do araticum do campo e do manacá para tratar úlceras gástricas
Texto e fotos: Fábio Gaio
A humanidade utiliza plantas como medicamento muito antes do surgimento da ciência moderna. Se apropriando desse conhecimento popular, uma pesquisa da Universidade Federal de Goiás (UFG) analisou o potencial medicinal do araticum do campo (Annona coriacea) e do manacá (Spiranthera odorantissima) para o tratamento de doenças intestinais. O estudo confirmou o alto potencial das plantas do Cerrado contra a úlcera gástrica e a retocolite ulcerativa.
De acordo com o professor do Departamento de Ciências Biológicas da Regional Catalão da UFG, Anderson Luiz Ferreira, o araticum do campo demonstrou atividade antiulcerogênica já com doses baixas do extrato. Como os pesquisadores utilizam fármacos de referência a título de comparação, eles identificaram atividade biológica da planta muito semelhante ao de diversos medicamentos comerciais. Os testes com o manacá também demonstraram boa resposta e a equipe já está isolando o composto responsável pela eficácia.
Anderson Luiz Ferreira destacou a importância do conhecimento popular para o avanço da ciência. Segundo ele, os pesquisadores fizeram um levantamento com a comunidade local sobre quais espécies eram mais utilizadas para tratar essas doenças. Só depois a equipe realizou a coleta e a preparação dos extratos, verificando assim as atividades farmacológicas das plantas. "Com a indicação popular, os resultados costumam ser quase sempre satisfatórios", afirmou.
Cautela
A experiência acumulada em pesquisas com plantas medicinais preocupa o professor quanto ao uso indiscriminado desse tipo de alternativa. “É preciso desmistificar a ideia de que remédio natural não faz mal. Às vezes, a maneira do preparo de alguma planta pode potencializar metabólitos tóxicos. Planta pode fazer mal também”, pondera. Além do aspecto medicinal, a pesquisa também chama a atenção para a preservação do Cerrado, uma vez que a exploração sem planejamento e controle pode levar a diminuição ou extinção de espécies.
Source: Ascom UFG
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