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Ícone na luta contra a intolerância participa de seminário em Goiânia

Em 14/01/17 11:26.

Evento reuniu representantes das religiões de matriz africana para troca de experiências e discussões sobre a superação do racismo e preconceito 

Texto: Luciana Gomides

Fotos: Ana Fortunato

No intuito de promover a troca de conhecimento sobre os direitos dos povos de terreiro e a superação do racismo e preconceito religioso foi realizado, nos últimos dias 13 e 14 de janeiro, o I Seminário do Fórum de Religiões de Matriz Africana de Goiás. O evento, iniciado na noite desta sexta-feira (13/1), foi realizado no Auditório da Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas) e contou com a presença ilustre da Yalorixá Jaciara Ribeiro de Oxum, de Salvador, além de autoridades religiosas de matriz africana. Dele, participam os grupos de pesquisa Lagente (IESA), Neadi (FE) e Lpequi (IQ), da Universidade Federal de Goiás (UFG).

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Yalorixá Jaciara Ribeiro de Oxum participou de evento

Logo após a breve apresentação cultural promovida pelo Grupo Manzembe Beat, a primeira atividade do seminário constou de uma mesa de discussão, cuja abertura foi da professora Janira Sodré Miranda. A docente, coordenadora do Proafro (PUC-Go), elogiou o trabalho executado pelo Fórum que, com um ano de existência, já promoveu diversos encontros de discussão sobre os direitos dos povos de terreiro. Nas palavras de Janira, figura ativa na luta contra o preconceito racial, religioso e de gênero, “a luta pela liberdade religiosa é, antes de tudo, uma luta pelos direitos constitucionais”.

“A melhor religião é aquela que te faz melhor”

Um dos momentos mais esperados deste primeiro dia foi a fala da Mãe Jaciara, filha consanguínea de Mãe Gilda, fundadora do Terreiro Axé Abassá de Ogum, de Salvador. A yalorixá (sacerdotisa do candomblé) é um ícone da luta contra a intolerância religiosa. Com uma longa batalha travada a partir do caso que envolveu sua própria mãe, vítima de ação discriminatória por parte da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), há dezessete anos. Mãe Gilda, acusada de charlatanismo em publicações da IURD, teve seus problemas de saúde agravados mediante os acontecimentos, falecendo em 21 de janeiro de 2000.

A data foi oficializada pela Presidência da República como o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa. Durante sua explanação, Mãe Jaciara discorreu sobre o histórico de agressões e represálias sofridas por ela e sua mãe, bem como por todos os representantes do candomblé. A yalorixá também falou a respeito de seu ativismo na luta pelos direitos dos povos de terreiro e lamentou a falta de representatividade dos mesmos na política. “É muito difícil lutar contra a intolerância se não temos quem assine por nós”. Citando Dalai Lama, ela ressaltou a ética entre as religiões, já que, segundo ele, “a melhor religião é aquela que te faz melhor”.

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Apresentação cultural contou com presença de Grupo Manzembe Beat 

Fonte: Ascom UFG

Categorias: última hora Fórum de Religiões de Matriz Africana de Goiás