Estudos sobre memória e resistência são apresentados na UFG
Evento da Faculdade de Letras reúne diversos pesquisadores até quarta-feira. Professor da USP realizou conferência de abertura
Texto: Camila Godoy
Fotos: Adriana Silva
O olhar da literatura sobre questões que envolvam Memória, História e Resistência é o tema da I Jornada de Estudos Literários da Faculdade de Letras da UFG, evento que começou nesta segunda-feira (21/11) e segue até a próxima quarta e reúne diversos pesquisadores para debater trabalhos acadêmicos sobre o assunto. Para abrir a discussão, o professor da Universidade de São Paulo (USP), Mário César Lugarinho, realizou uma conferência no Cine UFG em que avaliou o trabalho de dois poetas portugueses que abordaram a temática da Guerra da África.
Na ocasião, o palestrante trouxe uma análise das obras de Manuel Alegre e Fernando Assis Pacheco sobre o conflito armado entre Portugal e suas colônias africanas que ocorreu entre 1961 e 1964. Segundo ele, o confronto recebeu diversos nomes, sempre a depender do discurso, no entanto, algo prevaleceu: a presença de relatos sobre o assunto. “Dizem que não se pode esquecê-lo, mas que bom seria fazê-lo”, afirmou.
Ele também contextualizou a discussão ao abordar como a literatura lida com as guerras. Mário César Lugarinho comparou a representação da Primeira Guerra Mundial, que segundo ele foi praticamente emudecida. “O terror desse conflito gerou uma dor tão grande que havia um medo de se falar sobre isso e reviver sensações. Contudo, ela deu espaço para o horror e à barbárie, de onde não se pode deixar de olhar. Assim, ao final da Segunda Guerra, os relatos foram mais presentes pois lembrar dos mortos possibilitava a superação desse horror e a reinvenção do homem”, avaliou.
Em seguida, o conferencista comparou os poemas de Manuel Alegre e Fernando Assis Pacheco. De acordo com ele, o texto do primeiro recorre à memória e ao eterno retorno, dando um tom épico aos conflitos e resumindo todo o tempo vivido em apenas um instante. Em contrapartida, para Mário César Lugarinho, o segundo autor aborda o mesmo assunto, a Guerra da África, de forma mais lírica, como um trauma não superado e uma experiência passada que pode ser compartilhada.
Evento
A abertura da I Jornada de Estudos Literários também teve a presença do professor da UFG, Marcelo Ferraz de Paula, que recebeu os participantes e agradeceu o esforço da equipe para realizar o evento em um momento que, segundo ele, é bastante turbulento para a Universidade: “Ficamos preocupados com o desenrolar das ocupações e desocupações. No entanto, acho que todo esse antagonismo, derrotas, aumento do discurso de ódio, entre outros, estão bastante relacionados com a temática da jornada”.
Saiba mais sobre o evento e confira a programação.
Estudantes e pesquisadores acompanharam a abertura do evento, que segue até o dia 23/11
Source: Ascom UFG
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