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Projeto do Museu Antropológico fundamenta registro da Boneca Karajá como Patrimônio Cultural Brasileiro

In 22/02/12 02:40 .
Professores, técnicos e estudantes da UFG participaram da pesquisa

Foi aprovado no dia 25 de janeiro de 2012, pelo Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural do IPHAN, em Brasília (DF), o registro das bonecas Karajá como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil, nas categorias "ofício e modos de fazer e formas de expressão". A pesquisa que subsidiou o pedido foi realizada pelo Museu Antropológico da UFG, com a participação de professores da Faculdade de Ciências Sociais, dentro do projeto "Bonecas Karajá: arte memória e identidade indígena no Araguaia".

No ano de 2008, o projeto foi financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (FAPEG) e recebeu apoio da Secretaria de Estado de Políticas Públicas para Mulheres e Promoção da Igualdade Racial (SEMIRA). Em 2009 e 2010, o projeto contou com a parceria e o financiamento do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) Superintendência de Goiás. O dossiê, produzido pela equipe de pesquisa, é composto por um relatório escrito, documentação fotográfica e dois documentários fílmicos (curta e média).

O projeto teve como objetivo descrever e documentar o ofício da ceramista Karajá e os modos de fazer as bonecas de cerâmica, para subsidiar o pedido de registro como patrimônio nacional. A pesquisa revelou que, mais do que artesanato, as ritxoko, ou bonecas de cerâmicas, carregam significados complexos que remetem aos referenciais culturais e identitários Karajá e são importantes instrumentos pedagógicos usados na educação das gerações mais jovens. Nas palavras da ceramista Mahuederu, elas “servem para contar a história dos Inў para crianças e jovens”; já Kuanajiki, com mais de 80 anos, assim se expressou: "sem as crianças não haveria ritxoko”.

Em formas de figuras individuais, conjuntos de personagens (como é o caso da família) ou cenas sociais com representações do nascimento até a morte, as bonecas se constituem em importantes formas de expressão do universo social e cosmológico do povo Karajá, remetendo tanto aos aspectos da sua estrutura social e às atividades cotidianas, como às cenas rituais e narrativas mitológicas. Assim, além de significativa fonte de renda, quando vendidas como artesanato, elas revelam temas variados do universo cultural do povo Inў e seus distintos significados materializados pelas mãos das mulheres, por meio da arte de modelar o barro.

O projeto foi desenvolvido em parceria com as comunidades indígenas Karajá da Ilha do Bananal (TO) e de Aruanã (GO). A equipe foi formada por Manuel Ferreira Lima Filho, Nei Clara de Lima (coordenação da primeira fase), Rosani Moreira Leitão e Telma Camargo da Silva (coordenação da segunda fase), pesquisadores da UFG, por Maíra Torres Correa, do IPHAN (GO), além das estagiárias Michelle Resende e Núbia Vieira. Registram-se ainda as consultorias das antropólogas Edna Taveira (UFG) e Patrícia de Mendonça Rodrigues, do professor Sinvaldo Wahuká Karajá, e a participação de Neto Borges e da equipe da Olho Filmes (DF). A Fundação de Apoio à Pesquisa da UFG (FUNAPE) foi a responsável pelo gerenciamento financeiro-administrativo do projeto.

Fotos: Mário Braz

Fonte: Museu Antropológico/UFG

Categorie: Pesquisa