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Interiorização e difusão da ciência são discutidos em eventos simultâneos

In 27/10/09 00:18 .
O presidente nacional da SBPC, Marco Antônio Raupp e o reitor da UFG, Edward Brasil, analisaram a produção científica regional

Encerra-se nesta sexta-feira, 23, uma série de eventos que mobilizaram pesquisadores de diversas áreas do conhecimento no Câmpus Catalão (CAC), e que discutiram aspectos políticos e científicos do Cerrado como bioma capaz de promover o desenvolvimento humano de forma sustentável. Os eventos foram o V Simpósio de Ensino, Pesquisa, Extensão e Cultura do Câmpus Catalão (Sepec), com o tema “Produção do conhecimento e cidadania: popularização e interiorização da ciência no Brasil”. Paralelamente ao simpósio, aconteceram o IV Fórum de Ciência e Tecnologia do Cerrado e a VI Semana Nacional de Ciência e Tecnologia. De acordo com a coordenadora de pesquisa e pós-graduação do CAC e coordenadora científica do evento, Maria Rita de Cássia, é um momento especial, não somente para o Câmpus Catalão, mas também para a cidade e região, que poderão ser beneficiadas pelo debate, pela divulgação das pesquisas desenvolvidas na universidade e pelo acesso às atividades culturais que forão realizadas durante o evento.

 

O diretor do CAC, Manoel Chaves, destacou que essa série de eventos é realizada em um momento importante de consolidação das atividades de ensino, pesquisa e extensão e de transição para uma possível federalização da unidade. Um reflexo do destaque que a unidade tem apresentado foi a presença do presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Marco Antônio Raupp, e do reitor da UFG, Edward Madureira Brasil, na conferência de abertura dos eventos.

 

Mudanças significativas

 

Em sua fala Marco Antônio Raupp formulou um retrospecto do contexto da produção científica e tecnológica que marcou o desenvolvimento socioeconômico do país nos últimos 40 anos. Basicamente todos os investimentos em ciência e tecnologia (C&T) foram advindos dos cofres públicos, com uma inexpressiva contribuição da iniciativa privada. Como lembrou o presidente da SBPC, foi no início dos anos de 1950, por exemplo, que houve a criação de instituições importântes para o fomento à pesquisa nacional como a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) que trouxeram uma visão estratégica para o desenvolvimento do país.

 

Para Raupp, as atuais condições de produção de ciência e tecnologia levam em consideração requisitos inerentes às competições globais, como a sustentabilidade ambiental e social e os investimentos em inovação. Marco Antônio Raupp destacou que, pela primeira vez, as políticas de C&T têm sido valorizadas e as universidades assumiram o papel de protagonistas na implementação dessas políticas. Hoje as produções científica e econômica do país representam, cada uma, 2,1% em relação a outros países do mundo.

 

Apesar das boas perspectivas para a educação superior no país, o presidente da SBPC chamou a atenção para o ensino básico. “Fizemos os mesmos investimentos no ensino básico e no ensino superior?”, questionou Marco Antônio Raupp. Os grandes desafios estariam na formação qualificada de professores, definição de uma carreira docente e maior incentivo para o empreendedorismo na educação. Outro ponto destacado foi a interiorização e descentralização da produção científica do país, que poderiam ser estimulados pela ampliação da capacidade de financiamentos em nível municipal.

 

Panorama regional

 

Edward Brasil apresentou um panorama da pós-graduação no país, enfatizando a necessidade de maiores incentivos no Centro-Oeste, que está na penúltima posição em relação às outras regiões do país no quesito produção científica. De acordo com os dados do sistema nacional de pós-graduação, há 2.748 programas stricto sensu no país, que, em sua maioria, são avaliados pela (Capes) com conceitos três e quatro. Somente os programas que possuem conceito 6 estão em nível internacional. Quando comparados indicadores de produtividade, número de docentes, redes e investimentos em pesquisas, a região Centro-Oeste apresenta um quadro muito aquém da realidade nacional. Mais díspares ainda são as diferenças intrarregionais, quando comparados os dados do estado de Goiás com o Distrito Federal que desponta nos indicadores.

 

Na perspectiva de mudar esse cenário, Edward Madureira Brasil também apresentou duas ações de incentivo à pesquisa regional. A primeira é a Rede de Pós-graduação, Pesquisa e Inovação (PróCentro-Oeste), capitaneada pela UFG em conjunto com universidades federais do Centro-Oeste. Nessa rede haverá três linhas de pesquisa: biodiversidade do Cerrado e do Pantanal, geodiversidade e biotecnologia, com cerca de 184 grupos de pesquisa. A outra ação é o Programa de Apoio à Pós-graduação das Instituições Federais de Ensino Superior (PAPG-Ifes), capitaneada pela Associação Nacional de Dirigentes das Ifes (Andifes). A expectativa é que essas redes iniciem atividade em 2010.

 

Em destaque a fala do presidente nacional da SBPC, Marco Antônio Raupp.

Fonte: Ascom/ UFG

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