Seminário debate políticas adotadas pela Unicamp e UFSC
“Os impactos das políticas de acesso nas universidades brasileiras”. Este foi o tema da mesa-redonda do seminário "Políticas de acesso ao ensino superior: aprofundando o debate", realizado na última quinta-feira, dia 13, no auditório da Faculdade de Letras da UFG, no Câmpus Samambaia. O coordenador executivo da Comissão Permanente para os Vestibulares da Unicamp, Leandro Russovski Tessler, falou sobre a experiência da universidade paulista, e o professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Marcelo Tragtenberg, abordou a política adotada por sua instituição.
Unicamp
Leandro Russovski ressaltou que ação afirmativa não é sinônimo de cotas, discussão que segundo ele ganhou destaque nacional em 2003: “Sempre que alguma instituição sai do seu caminho para favorecer um grupo, é uma ação afirmativa. Cotas não são a única forma”, define o professor.
O Programa de Ação Afirmativa e Inclusão Social (Paai), adotado na Unicamp em 2004, usa o sistema de bonificação. São atribuídos 30 pontos extras para alunos que fizeram o Ensino Médio completo em escola pública e 40 pontos extras para aqueles que além desse requisito, também se auto-declaram negros, pardos ou indígenas.
Sobre a polêmica de uma possível queda no nível das universidades que adotam tais ações, Leandro Russovski expôs gráficos que mostram que os alunos vindos de escolas públicas alcançaram a média e na maioria das vezes até a ultrapassaram. Os negros ingressos na universidade não alcançaram a média, mas segundo o professor, também não a pioraram.
Leandro Russovski defendeu ainda a autonomia universitária: “cada universidade deve encontrar o seu caminho, sem que legislações interfiram nesse processo”.
UFSC
A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) adota o programa de ações afirmativas de acesso ao Ensino Superior com recorte racial. O professor da UFSC, Marcelo Tragtenberg, explicou que o sistema de ações afirmativas se faz necessário para garantir direitos universais e acesso ao ensino superior. Segundo dados do censo 2000, em Goiás 6,8% dos auto-declarados brancos possuem curso superior e apenas 2,1% dos negros. “Não vai adiantar somente investir na escola pública e nas universidades, essas medidas não são suficientes para combater o racismo, por isso as ações afirmativas voltadas para os negros são importantes”, defende o professor.
A UFSC destina 20% das vagas para estudantes que cursaram o ensino fundamental e médio em escolas públicas. Além disso, 10% das vagas de todos os cursos de graduação são reservadas a estudantes negros oriundos, preferencialmente, de escola pública, uma forma de valorizar o fator socioeconômico. Em 2008 também foram ofertadas 5 vagas para indígenas e será aumentada uma a cada ano, até chegar ao total de 10.
O processo seletivo garante ao candidato que optar pelo sistema de reserva de vagas o direito de ingresso à universidade pela classificação geral. Ou seja, se a percentagem de reserva for preenchida e o aluno alcançar média para passar na prova pela classificação geral, a vaga é assegurada.
Para o professor da Faculdade de Ciências Humanas e filosofia (FCHF) e colaborador do seminário, Joaze Bernadino Costa, os debates foram importantes para a universidade, pois ao se discutir as experiências de outras instituições, a UFG consegue subsídios para optar por um programa de ações afirmativas que atenda à sua realidade.
Fonte: Ascom
Categorie: Ações Afirmativas
