Walderês Nunes Loureiro é a primeira mulher professora emérita da FE
Docente teve carreira acadêmica e atuação como gestora que impactaram a Educação em Goiás
Texto: Caroline Pires
Fotos: Carlos Siqueira
Uma longa salva de palmas recebeu uma mulher, que andava a passos firmes, retratando a sua vida e trajetória marcada pela defesa da democracia, políticas públicas educacionais e de uma educação inclusiva. Walderês Nunes Loureiro recebeu o título de professora emérita da Universidade Federal de Goiás, no dia 16/12. Ela é a primeira mulher a ser agraciada com essa honraria, por iniciativa da Faculdade de Educação. A professora foi conduzida a entrega do título pelos professores Diane Valdez e, seu marido, Marcos Corrêa Loureiro. A cerimônia foi prestigiada por colegas e familiares que se emocionaram ao recordarem a sua atuação impactante e ampla na área da educação. Confira a galeria de fotos do evento.
Afirmando que o ponto de partida de toda sua história é a convicção de que todas as crianças tem direito à educação, Walderês Loureiro lembrou que iniciou seu estudos tardiamente e que foi uma honra se tornar professora universitária. Ela defendeu que o domínio do conteúdo é imprescindível para a formação de um professor, mas que diversos outros fatores devem ser discutidos e levado em conta neste processo, “mas para além disso há a necessidade de saber ensinar, saber avaliar e a passagem por uma formação ampliada. Formar qual aluno? Para qual escola? Em qual sociedade?”, questionou. A educação, direito fundamental reconhecido pela Organização das Nações Unidas, demanda as condições de trabalho e a formação do professor para esse grande fazer. “Contudo vai muito além, há uma luta política que está incluída nesse trabalho, e que deve ser levado em consideração”, defendeu. A baixa procura pela licenciatura também é uma preocupação da professora, que fez um estudo detalhado sobre os caminhos seguidos pelos egressos da Faculdade de Educação da UFG. “Ao retomar aquela menina, filha de pai trabalhador de linha férrea e de minha mãe, que se ocupava dos serviços domésticos, eu me via diante da necessidade de pensar uma nova educação para uma nova sociedade, e foi para isso que me dediquei nesta carreira”, defendeu.
Além das atividades em sala de aula, a professora sempre realizou diversas atividades de pesquisa, extensão, além de funções administrativas. Walderês Loureiro convocou o auditório lotado a continuar sempre sendo “militantes da utopia” no que se refere à educação, passando desde a formação continuada e uma estrutura adequada, até a necessidades específicas. “Que sigamos lutando por uma educação completa, para tudo e para todos”, finalizou a professora.
Lembrando que quando chegou há UFG há 30 anos a diretora da Faculdade de Educação era Walderês Loureiro, a atual diretora, Lueli Nogueira, compartilhou o privilégio que foi ser introduzida a docência do ensino superior pelas orientações da professora emérita. “Compreender o ser e o fazer do professor não se reduz a sala de aula e demanda a inserção em outras áreas sociais e políticas, essa interpretação é um legado da professora Walderês”, afirmou a diretora. Além disso, o conceito de autonomia foi amplamente utilizado pela professora, que entende o processo de ensino e aprendizagem se aproximam e se afastam, tendo como sujeito e objeto o Outro, “molda, interage, permite perceber a realidade e traz a autonomia do sujeito como trilho da formação cidadã e desse ideário pedagógico”, explicou. Lueli Nogueira retomou ainda a luta da professora durante a ditadura militar no Brasil e a sua dedicação também a questões de gestões educacionais. “Esse reconhecimento público que a UFG faz hoje consagra a sua magnífica trajetória de vida e profissão. Mulher e professora de luta nos convoca a fazermos tudo bem feito”, finalizou.
Quelle: Secom
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