Consuni UFG entrega do título de professor emérito a Aiçar Chaul
Docente aposentado pelo Iptsp tem trajetória de quase 40 anos dedicados à Universidade
Texto: Versanna Carvalho
Fotos: Júlia Barros
Aiçar Chaul faz parte da história do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública da Universidade Federal de Goiás (Iptsp/UFG). O médico dermatologista ingressou na Instituição como professor em março de 1971, apenas quatro anos depois da criação do Iptsp. Desde então construiu uma carreira bem sucedida e com muitas realizações no campo da Dermatologia, no Departamento de Medicina Tropical e Dermatologia (DMTD) e no Hospital das Clínicas (HC) da UFG. Foram quase 40 anos de dedicação até se aposentar em maio de 2010.
A sessão extraordinária do Conselho Universitário (Consuni) para entregar ao professor aposentado o título de professor emérito da Instituição foi realizada na terça-feira (3/12), no Iptsp, foi permeada por recordações e afetuosidade. Além dos colegas de Universidade, a solenidade contou com a presença da família do homenageado: esposa, filhos e netos. Clique aqui para acessar o álbum de fotos do evento.
A docente do Instituto que fez a apresentação do mais novo emérito da UFG foi Camilla de Barros Borges, que se tornou professora do Iptsp enquanto Aiçar ainda estava em atividade. Ela estava emocionada e contou que além de colega de trabalho na UFG, conhece e convive com Aiçar Chaul desde a infância, já que o seu falecido pai, o médico Paulo Cezar Borges, era professor na UFG e sócio de Aiçar em uma clínica.
“Desde sempre fui testemunha de sua dedicação, ética e amor pela Dermatologia. Mais tarde tive a honra de ser sua aluna durante a graduação, e, posteriormente, na residência médica sob sua chefia e preceptoria. Hoje, como dermatologista que compartilha o mesmo espaço de trabalho que ele, sinto-me privilegiada, pois, é um profissional que sempre admirei e com quem muito aprendi. Seu exemplo continua a inspirar todos que têm o privilégio de conviver com ele”, relata.
Camilla destaca que Aiçar graduou-se na UFG em 1968 e que fez parte da quarta turma de Medicina da Instituição. Quando “iniciou uma brilhante caminhada que o levaria a contribuir de forma excepcional para a Dermatologia no Brasil". A médica enfatiza que em 2007 Aiçar liderou os esforços para que fosse construída a estrutura física que atualmente abriga o serviço de Dermatologia do HC UFG. “Esse espaço de 550 metros quadrados foi projetado para proporcionar conforto e funcionalidade a pacientes, estudantes, residentes, professores e demais funcionários. Em reconhecimento ao seu feito e visão, o local foi nomeado Serviço de Dermatologia Professor Aiçar Chaul. Uma justa homenagem a quem tanto se dedicou para tornar esse projeto em realidade”.
Gentileza e firmeza
A diretora do Iptsp, Flávia Aparecida de Oliveira, diz que se pudesse traduzir o professor enquanto chefe do DMTD em poucas palavras, estas seriam “a elegância da gentileza em transmitir o que é o cuidar das pessoas, o respeito, a amorosidade em que se coloca como ser humano, mas, ao mesmo tempo com firmeza, sabendo onde esse Instituto deveria chegar, colocando-se como um verdadeiro líder para todos nós, e com o qual pude aprender e sigo aprendendo”.
Segundo Flávia, anos atrás o Instituto teve a visão de pensar que o melhor que poderia ser oferecido na assistência à saúde, e estar a serviço da recuperação, da promoção, da qualidade de vida dos pacientes, fosse pautada na ciência. “Hoje temos um Instituto que está pronto para cuidar da saúde única por ter integrado diferentes áreas como Medicina Tropical, Dermatologia, Saúde Coletiva, as áreas básicas, Biotecnologia e Fisioterapia. Esse Instituto não cansa de ousar porque houveram pessoas como o senhor, os pioneiros.Nós seguimos honrando esse legado e seguimos construindo a cada dia um Instituto tem muito do senhor e da sua contribuição”.
“Quando fui informado que receberia o título de professor emérito, que é a maior homenagem que um professor aposentado pode receber da UFG, confesso que me senti como se estivesse recebendo um prêmio de um sonho que nunca imaginei alcançar”, disse Aiçar Chaul em seu discurso já como professor emérito.
Biografia
O docente resgatou passagens importantes da sua biografia para contextualizar o que o trouxe até este momento. Desde o nascimento em 23 de dezembro de 1943 na cidade de Morrinhos (GO) como um dos filhos de uma família de origem libanesa por parte do pai José Chaul e síria por parte da mãe Mary Abdala Chaul, também nascida no Brasil, em Morrinhos. Estudou na cidade natal até finalizar o científico (atual ensino médio) e cursar Medicina na UFG entre 1963 e 1968. A residência médica foi feita na Universidade de São Paulo (USP), na sequência, até concluí-la no início de 1971.
“A caminhada não foi fácil, mas cada passo valeu a pena. Com quase 40 anos de dedicação à UFG, minha vida de professor foi repleta de aprendizado, risadas e muito trabalho”, sintetiza. Aiçar Chaul conta ainda que “cada um dos meus alunos e colegas deixou uma marca indelével na minha história. Tive a sorte de trabalhar com pessoas incríveis, muitos dos quais se tornaram amigos que levo para a vida. Aposentei-me em 2010, após quase 40 anos ininterruptos como professor, dividindo o tempo quando exercia o cargo de chefe do DMTD, além de ser responsável pelo Serviço de Dermatologia e pela disciplina de Dermatologia”.
Aiçar Chaul recorda que com a criação da residência médica, foi necessário buscar novos espaços físicos disponíveis para os médicos atuarem. Os residentes foram levados para o Hospital de Doenças Tropicais (HDT) da Secretaria de Saúde do Estado de Goiás (SES-GO), onde já funcionava a disciplina de Doenças Infecciosas (que ainda mantém um convênio entre UFG e SES-GO). Os residentes, além das atividades teóricas, atendiam pacientes ambulatoriais e internados, esses em estado grave, e muitas vezes vindos do interior. Os trabalhos começavam às 7 horas da manhã.
Naquela época, os residentes também atuavam no Hospital Araújo Jorge, onde recebiam ensinamentos da equipe cirúrgica do hospital, e no Centro de Saúde Juarez Barbosa, no qual aprendiam a cuidar dos pacientes com hanseníase, e um curso de Micologia no Iptsp. “Nosso serviço de Dermatologia é reconhecido como um dos melhores do País e cresceu muito, assim como os serviços de outras especialidades, dentro do Hospital das Clínicas”, destaca.
“Nossa missão era ensinar a tratar a doença, mas também, e principalmente, a pessoa como um ser humano, muitas vezes carente e querendo um apoio do seu médico”.
Agradecimento
Coube à reitora da UFG, Angelita Pereira de Lima, presidir a sessão do Consuni. E ela começou fazendo um agradecimento à família de Aiçar Chaul pela compreensão que tiveram com ele ao longo desses anos todos de dedicação à UFG. “Para construir a trajetória apresentada aqui, certamente foi preciso abrir mão de parte do tempo de convivência com a família”, observa.
Angelita comenta que a UFG está vivendo momentos importantes e que muitos dos seus fundadores, pioneiros e pessoas que deram 30, 40, 50, 60 anos de suas vidas estão hoje podendo ser devidamente reconhecidos pela Instituição. “Receba essa comenda com muito carinho, professor Aiçar”.
A reitora afirma que a decisão do Consuni em conceder o título de professor emérito a Aiçar Chaul é devido a três fatos principais. O primeiro é o reconhecimento da trajetória e da entrega à Instituição. “Nós podemos entregar o nosso tempo a muitas coisas. Aqui é a entrega para a Instituição e o trabalho em equipe na formação de pessoas. O que só se faz com muito estudo, persistência, sonho e esperança. Ninguém constrói uma trajetória, em uma área de referência, um setor de extrema importância e de alto impacto na sociedade sozinho”, pontua Angelita.
O outro fato é o da sensibilidade, segundo Angelita, que revelou crer que só ela viu, no momento da outorga do título de professor emérito, que o professor ficou emocionado e deixou uma lágrima escorrer pela sua face. “Isso devolve a nós, à Instituição, a beleza e a responsabilidade do que fazemos. Eu recebi essa lágrima como uma expressão do seu contentamento e da sua sensibilidade [para com este momento a sua história com a UFG]. E isso dá sentido à vida, o sentido de que, todos esses fatos aqui narrados, valeram e valem a pena”.
O terceiro e último fato é a responsabilidade da Instituição. “A sua trajetória, a partir de agora, integra a galeria dos eméritos da UFG. Junto com o professor Itami [Campos], a professora Dulcinea [Barbosa Campos] e tantos outros que recebem este reconhecimento. E a UFG neste momento passa a ser responsável nesta galeria, por sua trajetória. Nós ao entregarmos o título, além de compensarmos a família, darmos o reconhecimento, assumimos a responsabilidade de cuidar dessa história”, diz a reitora.
A mesa diretiva do evento foi composta pela reitora Angelita Pereira de Lima, pela diretora do Iptsp, Flávia de Oliveira, pelas docentes do Iptsp Camilla de Barros Borges e Jackeline Gomes Guerra, pelo homenageado Aiçar Chaul, e por seu filho, o médico Marco Henrique Chaul. A solenidade de entrega do título de professor emérito a Aiçar Chaul foi transmitida pelo canal do YouTube UFG Oficial e pode ser vista na íntegra, clicando aqui.
Saiba mais
Entrega de título emérito - Aiçar Chaul (vídeo)
IPTSP celebra 55 anos e faz homenagem para os aposentados
Técnica administrativa em educação do ICB recebe título de TAE emérita
Dulcinea Maria Barbosa Campos recebe título de Professora Emérita
Quelle: Secom UFG