Premiação reconhece jornalismo que promove os Direitos Humanos
5º Prêmio Dom Tomás Balduino alertou para violências contra jornalistas palestinos
Fotos: Leoiran
No último dia 7 de dezembro, foram entregues os troféus do "5º Prêmio Dom Tomás Balduino de Direitos Humanos" em Jornalismo, no auditório da Associação dos Docentes da UFG (Adufg Sindicato), com a presença da reitora da Universidade Federal de Goiás, Angelita Pereira de Lima, e a integrante da Diretoria Executiva da Federação Internacional de Jornalistas da Palestina, Maria José Braga.
O Prêmio é uma inciativa do Comitê Goiano de Direitos Humanos Dom Tomás Balduino, Faculdade de Informação e Comunicação (FIC/UFG), Sindicato do Jornalistas de Goiás e Núcleo de Ensino, Pesquisas e Extensão em Direitos Humanos (NDH/UFG). Neste ano, o Prêmio teve o apoio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura.
O troféu dessa edição foi criado e produzido pelo artista plástico indígena José Alecrim, do Povo Kanela, e foi inspirado nas lutas defendidas por Dom Tomás Balduino, cujas comemorações do centenário de nascimento se encerram neste ano. “É esse troféu-manifesto que nos sintoniza com o futuro da humanidade, posto que não há futuro sem povos indígenas”, salientou a coordenadora do evento, Cláudia Nunes, em seu discursos de abertura.
Além de valorizar o trabalho da imprensa, o Prêmio Dom Tomás Balduino também presta homenagens a defensores de direitos humanos. Neste ano, a solenidade foi iniciada com um ato de solidariedade ao Sindicato de Jornalistas da Palestina e exibição de um vídeo com mensagem de seu presidente, Mohamad Abu Bakr, que apelou por ajuda humanitária internacional. Deste 7 de outubro, já foram mortos 72 jornalistas palestinos em dois meses de guerra.
Em mensagem emocionada, Abu Bakr lembrou o trabalho de profissionais que arriscam a vida para noticiar o genocídio que enfrentam. O jornalista expôs a gravíssima situação de violações de direitos humanos a que estão submetidos os jornalistas em Gaza e territórios ocupados como falta de acesso a equipamentos de segurança básicos, transporte, água e comida.
O troféu de homenagem à coragem e à resistência desses jornalistas foi entregue para a diretora da Federação, Maria José Braga, que compartilhou ainda a experiência de ter participado recentemente de uma missão internacional aos territórios ocupados. “As violações à liberdade de imprensa e a uma série de direitos básicos não se iniciaram em 7 de outubro. Junto com jornalistas do mundo inteiro, pudemos constatar a existência de um regime de apartheid e ocupação colonial da Palestina que perdura há mais de 70 anos,” disse Maria José.
O júri da quinta edição foi formado por profissionais de comunicação com trajetórias ligadas à defesa dos Direitos Humanos e da Comunicação. Além de Cláudia Nunes, que selecionou trabalhos para as categorias Estudante e Especial, o júri foi formado pela jornalista e professora da UFG, Mariza Fernandes; pela também jornalista e professora da Puc Goiás, Noêmia Félix; e pelo bacharelando em Direito pela UFG e assessor jurídico popular do Conselho Pastoral dos Pescadores (CPP), Pedro Henrique Albernaz.
Na categoria Especial, o júri foi composto por integrantes da Comissão Dominicana de Justiça e Paz do Brasil e que tiveram contato com Dom Tomás Balduino ao longo de sua trajetória: Frei José Fernandes, Flávio Barbosa, Irmã Sandra e Frei Marcos Sassatelli.
Premiação
O reconhecimento da UFG como instituição defensora dos direitos humanos esteve em evidência nesta edição. Além de estudantes do curso de Jornalismo e egressos da FIC, trabalhos da Rádio Universitária e TV UFG foram agraciados com o troféu, e houve ainda o destaque à atuação do professor Milton Heinen, do Curso de Direito, que recebeu Prêmio Especial. Confira a lista de todos os premiados:
Categoria TV – Estudantes de Jornalismo
1˚ Lugar: Refluxo 64 – Imprensa e democracia goiana sob ataque, de Almeida Mariano (Puc Goiás)
Categoria Web – Estudantes de Jornalismo
1˚ lugar: A destruição dos lares palestinos e o que constitui um crime de guerra, de Guinewer Inaê (UFG)
2˚ lugar: A literatura indígena contada, de Leôncio da Silva Neto e Pedro Brasil Peralta (UFG)
Categoria Arte - Profissional
1˚ lugar: A ilustração Quando morar for um privilégio, ocupar é um direito, de Alex Katira
Categoria fotografia - Profissional
1˚ lugar – Desigualdade escancarada, de Jucimar Ferreira de Sousa (Portal Mais Goiás)
2˚ lugar – Justiça para Assta, de Júlia Lee Aguiar
Categoria Rádio - Profissional
1˚ lugar: Progama sobre o Relatório 2022 do Painel Intergovernamental sobre mudanças climáticas, de Júlia Aguiar Guimarães Duarte (Rádio Metamorfose)
2˚ lugar: Programa sobre o Projeto de Assessoria Jurídica para a população em situação de rua, de Ana Flávia Pereira do Santos e Maria Chirstina Furtado (Rádio Universitária/UFG)
Categoria Impresso - Profissional
1˚ lugar – Goiás é vice-líder em trabalho escravo: casos somam 4,1 mil, de Deivid de Souza Santos (Jornal O Popular)
2˚ lugar – 12 dias de notícias falsas, muita fé e falas anônimas em Goiânia, de Márcio Leijoto (Jornal O Popular)
Categoria Televisão - Profissional
1˚ lugar – Racismo ambiental: minorias étnicas sofrem mais com destruição da natureza, de Anna Cleuma (TV UFG)
Categoria Web - Profissional
1˚ lugar – Nós existimos: população cigana Romani e a pandemia no Brasil, Ludmila Pereira de Almeida (Portal Favela em Pauta)
2˚ lugar – Casos de feminicídio aumentaram 23% em Goiás, entre 2020 e 2021, de Larissa Feitosa (Portal Mais Goiás)
Categoria Especial
Foi criada para homenagear o centenário de Dom Tomás Balduino, a partir de dois temas importantes de sua luta histórica, reconhecida em toda a América Latina: reforma agrária e povos indígenas. Foram considerados trabalhos publicados nos últimos cinco anos até a data de encerramento das inscrições.
Categoria Especial Arte
1˚ lugar – Charge Boiada, de Mariosan (Jornal Porantim)
Categoria Especial Fotografia
1˚ lugar – Fazenda São Lukas – de cativeiro sexual a símbolo de resistência do MST na luta pela reforma agrária, de Guilherme Alves (Jornal Opção)
Categoria Especial TV
1˚ lugar – Avá Canoeiro, a teia do povo invisível, de Mara Moreira
2˚ lugar – Raízes da Comunidade Nossa Senhora da Terra, de Josué Pereira da Silva Santos
Categoria Especial Web
1˚ lugar – Fazenda São Lukas – de cativeiro sexual a símbolo de resistência do MST na luta pela reforma agrária, de Giovana Campos Cardoso (Jornal Opção)
2˚ lugar – A gente estuda e busca conhecimento para defender nosso povo, de Raphael Bezerra (Jornal Opção)
Defensores e defensoras de direitos humanos homenageados
Dona Francisca é referência do Mops (Movimento de Educação Popular e Saúde), benzedeira, raizeira, militante histórica da Aneps (Articulação Nacional de Práticas de Educação Popular e Saúde) e Cebs (Comunidades Eclesiais de Base).
Milton Heinen é professor de Direito da UFG, ex-advogado da CPT (Comissão Pastoral da Terra) e da Fetaeg (Federação dos Trabalhadores Rurais na Agricultura Familiar do Estado de Goiás). Como advogado da CPT, atuou intensamente nas lutas pela reforma agrária e contribuiu na defesa dos acampados da fazenda Araras, Marupiaraxe, Zebulânda, no Município de Mara Rosa.
Frei José Fernandes é integrante da Comissão Dominicana de Justiça e Paz do Brasil, do Movimento Fé e Política e da coordenação executiva do Comitê Goiano de Direitos Humanos Dom Tomás Balduino. Atuou ombro a ombro com Dom Tomás nas mais importantes lutas em defesa dos direitos de populações empobrecidas, ameaçadas, povos indígenas e quilombolas, além de casos emblemáticos de violações de direitos humanos de violência do Estado.
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