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Acolhimento no Ensino e suas diversas faces

On 09/18/23 16:34 .

Abertura da Semana do Planejamento 2023/2 abordou autismo, epilepsia e acolhimento de indígenas e quilombolas na UFG

Texto: Caroline Pires

Fotos: Carlos Siqueira 

 

A Universidade Federal de Goiás conta hoje com 19.967 estudantes de graduação. Mas esse dado não é só um número. Cada uma dessas pessoas possui uma história de vida, vivência e realidade única. Ciente de que uma instituição superior pública de ensino é composta por muito mais do que um aglomerado de estatísticas ou metodologias, a Pró-reitoria de Graduação (Prograd) promoveu hoje, 18/9, a abertura da Semana do Planejamento 2023/2. O objetivo foi reavivar o sentimento de que a missão prioritária da UFG é o Ensino, visando a formação de profissionais que tenham uma visão humanística e social crítica. Nesse processo, se faz necessário olhar para as particularidades, visando acolher as diversas vivências e proporcionar um ambiente que permita aos estudantes integralizarem seus cursos da melhor maneira possível. A mesa-redonda da tarde de discussões e diálogo contou com pesquisadores que discutiram o autismo, a epilepsia e o acolhimento aos estudantes indígenas e quilombolas.

"O planejamento é uma área estratégica e dita o tom de todos os trabalhos, por isso, deve ser realizado de forma coletiva. Sejam bem-vindos e bem-vindas a esse evento". Foi com essa motivação que o pró-reitor de Graduação da UFG, Israel Elias Trindade, recepcionou os coordenadores de curso, diretores de unidades acadêmicas e docentes da UFG. Ele frisou que a gestão da graduação não deve ser feita dentro dos gabinetes, por isso, o pró-reitor, e sua equipe, visitou todas as unidades acadêmicas da universidade pessoalmente, para entender as necessidades principais dos servidores e as demandas dos estudantes. "Não queremos só colocar alunos dentro da UFG. Queremos olhar para eles e ver o que é necessário para dar as condições de equidade para que cada um conclua seu curso com êxito", defendeu. 

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Vice-reitor da UFG, Jesiel Carvalho, usou o exemplo do prof. Carlos Costa da EMAC, que além de músico é físico, para exemplificar a pluralidade de saberes promovida na UFG

 

Destacando que a realização da semana do planejamento pedagógico é essencial para uma instituição da sofisticação da Universidade, o vice-reitor da UFG, Jesiel Carvalho, também defendeu a importância de uma cultura de planejamento na universidade. "Certamente esse evento é fundamental porque demanda a atenção para nosso elemento fundante: o ensino. Tudo o que fazemos é objetivando o fortalecimento e priorização do ensino", afirmou. O vice-reitor acredita que o ensino promovido dentro de um ambiente profícuo de pesquisa, artes, cultura e extensão é essencial para a formação de profissionais plurais e completos  "É importante destacar que o planejamento não se esgota e que ao longo dessa semana ele se segue nas unidades acadêmicas com a participação ampliada dos docentes e técnicos-administrativos", concluiu.

A abertura das atividades contou com a apresentação musical dos professores Carlos Costa e Johnson Machado, da Escola de Música e Artes Cênicas da UFG. 

 

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"Conhecer os estudante e oferecer o suporte para que eles realizem seus estudos é a verdadeira acolhida afetiva", defendeu o pró-reitor de graduação, Israel Elias Trindade

 

Acolhimento exige escuta

Iniciando o trabalho de mediação da mesa-redonda da atividades, a Pró-Reitoria adjunta da Prograd, Heliny Carneiro, afirmou que a busca por discutir a inclusão foi elencada como prioritária pelos servidores e estudantes. Por isso, foram convidados professores da universidade que são pesquisadores da área do autismo, epilepsia e de indígenas e quilombolas. 

Destacando que a compreensão da deficiências não deve ficar focada na mera categorização, a professora Ana Flávia Theodoro, da Faculdade de Educação da UFG, afirmou que  "nós precisamos não só acolher, mas escutar essas pessoas e deixar que eles expressem suas próprias histórias". Segundo a professora, conhecer melhor sobre o tema e entender mais sobre questões essenciais, como a literalidade da interpretação, previsibilidade e a sensoriedade atravessam o autismo e, quando compreendidas por estudantes e professores podem ajudar a romper o cenário atual. "Hoje na universidade são 32 estudantes autistas. Que meios temos para oferecer o suporte necessários para cada uma dessas pessoas e suas especificidades?", instigou a professora. 

Partindo para o segundo tema da mesa-redonda, a professora Aline Pansini, do Instituto de Ciências Biológicas da UFG, afirmou que a preconceito contra a epilepsia ainda é um desafio, dentro e fora da universidade, e que compreender o distúrbio cerebral e as suas manifestações clínicas é importante para que essa pessoa seja compreendida e socorrida corretamente. Segundo ela, em todo o mundo 70 milhões de pessoas convivem com a epilepsia e, também dentro da universidade, precisam ser olhados com acolhimento e flexibilidade. "A educação dos discentes e docentes em conhecer a epilepsia, bem como os primeiros socorros é básico, para que esses estudantes se sintam seguros para frequentar as suas aulas", defendeu. A partir das discussões com a Pró-Reitoria de Graduação, está sendo construído um protocolo institucional para emergência relacionada à crise epiléptico. "Agradeço à Prograd que acolheu prontamente nossa sugestão e esperamos em breve apresentar um documento completo e pioneiro nas universidades", comemorou.

Já Alexandre Hebetta, docente do curso de Educação Intercultural Indígena, iniciou sua fala defendendo que a inclusão plena só é possível quando há uma transformação na educação sobre os temas e suas particularidades. "Interculturalidade se dá num processo dialógico, mas também conflituoso. E é na interculturalidade crítica que busca sobretudo transformar as nossas práticas. Só assim podemos promover um ambiente realmente acolhedor", ponderou. Segundo o pesquisador, o curso possui hoje uma baixa taxa de evasão, o que ratifica a efetividade desse modelo adotado pela UFG. Ele chamou de "violência epistemiológica" a dificuldade dos currículos de abarcar as particularidades dos diversos povos indígenas, por exemplo. "A universidade não é a aldeia e nem a aldeia a universidade, mas podemos achar práticas possíveis para a produção do conhecimento", concluiu. 

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Heliny Carneiro, pró-reitora adjunta de Graduação, destacou que a escolha dos temas partiu de sugestões colhidas em visitas às unidades acadêmicas da UFG

 

Cenário dos novos ingressantes da UFG

Para o semestre letivo de 2023, a UFG recebeu estudantes de todos os estados brasileiros. Ao todo, 85% dos estudantes da universidade são de Goiás, vindo de 187 municípios. O pró-reitor defendeu a importância de compreender esse cenário para melhor atender as necessidades deles. "É muito importante olhar nossos estudantes, entendendo as suas demandas e diversidades, para que possamos acolher eles cada vez melhor", frisou o pró-reitor.  

Focando no atendimento das diversidades, foi informado que a UFG recebeu nos últimos anos dezenas de estudantes autistas, de baixa visão, surdez, entre outros. "Lutamos tanto para que cada um deles pudesse ingressar na universidade e agora precisamos dar condições para que eles façam seus cursos da melhor forma possível", lembrou. Segundo ele, as discussões da tarde irão ser desenvolvidas, não com o objetivo de dar respostas, mas de produzir o diálogo sobre a educação inclusiva.

 

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Aline Pansini (ICB), Alexandre Herbetta (FL) e Ana Flávia Theodoro (FE) compuseram a mesa-redonda

 

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Docentes dos diversos cursos da UFG compreenderam melhor sobre a inclusão nas áreas do autismo, epilepsia e dos povos indígenas e quilombolas

 

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Gestores da UFG compareceram ao evento

Source: Secom/UFG

Categories: Notícias Noticias Prograd