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Corrente científica da UFG no combate à pandemia em Goiás

En 05/08/20 12:14 .

Conheça as ações científicas interdisciplinares da UFG que visam superar os efeitos da pandemia

Texto: Talita Prudente (Comunicação PRPG)

As ações de combate à Covid-19 promovidas pela Universidade Federal de Goiás (UFG) têm sido fundamentais para o controle da pandemia no Estado. Boa parte dessa atuação é coordenada por pesquisadores dos programas de pós-graduação da instituição. O conhecimento científico desenvolvido nos programas tem orientado estudos e trabalhos tanto na assistência imediata da população, como na formulação de soluções para os problemas socioeconômicos e sanitários causados pelo vírus. 

A disponibilidade de ventiladores mecânicos nos hospitais públicos de Goiânia, por exemplo, não seria a mesma sem o Projeto Pneuma, conduzido pelos professores do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica  Sigeo Kitatani Jr. e Rodrigo Lemos , que também leciona no Programa de Pós-graduação em Engenharia Elétrica e de Computação. O grupo trabalha na recuperação de respiradores comerciais e na construção de equipamentos alternativos, com baixo custo e de fácil produção.

respirador pneuma
Projeto Pneuma disponibiliza respiradores recuperados e novos

Para acompanhar a recuperação de pacientes em isolamento domiciliar, seguindo as normativas de biossegurança, a Secretaria Municipal de (SMS) conta com o apoio do  Núcleo de Telemedicina e Telessaúde da Faculdade de Medicina. O núcleo atua desde 2009 e recebe orientações do médico e professor Alexandre Taleb, do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde. “A pandemia acabou evidenciando que a telemedicina pode ter um papel fundamental no cuidado dos pacientes, especialmente numa época como essa, em que o isolamento social é uma das medidas preventivas”, reforça Alexandre.

Por outro lado, análises profundas de dados da pandemia em tempo real direcionam as estratégias do poder público em Goiás. A  Plataforma Web Covid, articulada no Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento (Lapig/UFG), é responsável pelo monitoramento  de informações de aspectos epidemiológicos e socioeconômicos relacionadas à pandemia no Estado. Além de comparar a situação local com o resto do país. Cientistas, alunos e técnicos atuam na manutenção da plataforma. O sistema é coordenado pelo professor Manoel Eduardo Ferreira, do Programa de Pós-Graduação em Geografia e já ultrapassou um milhão de visualizações.

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Núcleo de telemedicina e telessaúde acompanha pacientes em isolamento

“O modelo possui um amplo banco de dados e mapas e intuitivos que podem ser úteis também no monitoramento de outras endemias que afligem o país, como a dengue, a chikungunya e a malária. Estamos agregando agora um novo conteúdo ligado a poluição atmosférica, para a supervisão de queimadas”, conta Manoel.

Outro destaque é  o Grupo de Modelagem da Expansão da Covid-19 em Goiás. A equipe é composta pela epidemiologista e pesquisadora Cristiana Toscano, do Programa de Pós-Graduação em Medicina Tropical e Saúde Pública,  e pelos pesquisadores e biólogos Thiago Rangel e José Alexandre Felizola Diniz Filho, ambos  do  Programa de Pós-graduação em Ecologia e Evolução, nota 7 na CAPES. Os docentes trabalham junto de instituições de pesquisa e ciência renomadas como a Organização Mundial de Saúde (OMS) e a Academia Brasileira de Ciências.

Cristiana Toscano é pesquisadora sobre imunização há 20 anos. Ela é  a única brasileira que integra o Grupo Estratégico Internacional de Experts em Vacinas e Vacinação (SAGE – Strategic Advisory Group of Experts for vaccines and vaccination) da OMS. A comissão é encarregada de acompanhar e revisar os estudos de vacinas contra SARS-CoV-2 em andamento e, com base em evidências, elaborar recomendações sobre estratégias e políticas de vacinação (após conclusão de ensaios clínicos de fase 3, aprovação e registro por agências regulatórias). Recentemente Cristiana também foi convidada para compor o Comitê Técnico-Científico de Acompanhamento das Iniciativas da Fiocruz para Desenvolvimento de Vacinas para Covid-19, como o acordo de transferência de tecnologia para elaboração da fórmula produzida pela Oxford/AstraZeneca.

Um projeto amplo coordenado pelos pesquisadores do Grupo Modelagem, com a colaboração de instituições como Unesp, UnB e UFRGS, foi aprovado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) na chamada para pesquisas sobre enfrentamento da Covid-19, suas consequências e outras síndromes respiratórias agudas graves. Outros três estudos da UFG  foram selecionados para receber o financiamento. Um deles é coordenado pela professora Ana Paula Kipnis, também do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública (IPTSP), e busca verificar a efetividade da vacina BCG na resposta imune ao vírus.

“Vamos examinar se a BCG induz a ativação de células NKs, importantes para a diminuição das células infectadas. Nossa expectativa para o projeto é bastante positiva. A aplicabilidade dele na sociedade é prática pois a vacina BCG já é produzida nacionalmente”, explica a professora Ana Paula.

Já o projeto da professora Gabriela Duarte, do Programa de Pós-Graduação em Química,  trabalha no desenvolvimento de  testes moleculares rápidos baseados na reação LAMP. Para completar a lista, a pesquisa do professor Marcos André de Matos, do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, analisa a efetividade de intervenções não farmacológicas da Covid-19 em indivíduos do Sistema Prisional goiano. Outros mestrandos, doutorandos e docentes da UFG estão em busca de formas eficazes para identificar o SARS-CoV-2, tratar os pacientes e diminuir o contágio.  A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (FAPEG) financiará dez projetos sobre o tema.

Entre os aprovados pela FAPEG está  a pesquisa da professora Nadia do Lago Costa, do Programa de Pós-Graduação em Odontologia, que estuda o desempenho de testes rápidos na detecção salivar do Covid-19, e o projeto orientado pela professora Carolina Horta Andrade, do Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas, que utiliza  inteligência artificial para a descoberta de fármacos para o vírus. 

Cientistas dos institutos de Física e Biologia também entraram na corrida para desvendar os mistérios que envolvem o novo coronavírus. Dessa vez, com a  ajuda de nanotecnologia aplicada. Os cursos receberam cinco bolsas de mestrado e doutorado referentes ao Programa de Combate a Epidemias promovido pela Coordenação de Apoio de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).

Outras influências

Desde abril, o Laboratório de Análises Clínicas e Ensino em Saúde, vinculado ao Instituto de Ciências Biológicas  (Laces/ICB/UFG), já realizou mais de  1.500 testes de novos casos de Covid-19. O Laces integra a Rede de Laboratórios da UFG, criada em abril para ajudar o sistema público de saúde na demanda por exames de diagnóstico do SARS-CoV-2. A equipe é composta por docentes especialistas na área, técnicos e estudantes de pós-graduação e graduação do IPTSP, do Instituto de Ciências Biológicas (ICB), da Faculdade de Farmácia (FF), da Escola de Agronomia (EA) e da Escola de Veterinária e Zootecnia (EVZ). 

A Tenda Triagem Covid-19 UFG é uma das ações vinculadas à rede.  O projeto de ensino, pesquisa e extensão é coordenado pela professora Claci Fátima Weirich Rosso, diretora da Faculdade de Enfermagem (FEN-UFG). É responsável pelo diagnóstico e acompanhamento de trabalhadores da Saúde e Segurança Pública sintomáticos. 

“Já realizamos mais de 4.600 testes. O projeto oferece maior conforto e qualidade no tratamento daqueles que estão na linha de frente. Assim, diminuímos a transmissibilidade do vírus em outros grupos”, observa Claci Rosso. A ação envolve ainda o Hospital das Clínicas-UFG, que se consolidou como referência em Goiás para tratamento de pacientes com casos graves de Covid-19. O programa de pós-graduação da FEN/UFG recebeu três bolsas de mestrados e uma de doutorado referentes ao Programa de Combate a Epidemias promovido pela Coordenação de Apoio de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Participam também desse projeto a Faculdade de Medicina, Hospital da Clínicas, Faculdade de Farmácia, IPTSP e ICB, em parceira com a Secretaria Municipal da Saúde, financiado pelo Ministério da Educação.

“Já realizamos mais de 4.600 testes. O projeto oferece maior conforto e qualidade no tratamento daqueles que estão na linha de frente no enfrentamento a COVID-19. Assim, diminuímos a transmissibilidade do vírus em outros grupos”, observa Claci Rosso. A ação envolve o Hospital das Clínicas (HC-UFG), que se consolidou como referência em Goiás para tratamento de pacientes com casos graves de Covid-19." 

 

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Confecção de equipamentos de proteção atende ao SUS

A produção em larga escala de equipamentos de proteção como máscaras, aventais e face shields atende ao Sistema Único de Saúde (SUS). O Projeto EPI foi uma das primeiras ações de combate ao coronavírus iniciadas pela UFG. A contribuição de docentes, estudantes e voluntários tem sido essencial para o sucesso da ação.

Perspectivas

Dados da Plataforma Covid Goiás indicam que o Estado ultrapassa 70.000 novos casos de coronavírus. Desse total, a região contabiliza mais de 62.000 recuperados e já alcançou o número de  1.700 óbitos por Covid-19, além dos mais de 130.000 casos suspeitos. Em meio ao cenário conturbado e tomado por incertezas, a conexão  entre comunidade e universidade se mostra cada vez mais necessária. As instituições científicas têm buscado soluções para ajudar a sociedade em diferentes frentes de combate ao vírus. As ações desenvolvidas pelos pesquisadores da UFG indicam que a pós-graduação é um nível de formação acadêmica que, embora especializado, reflete as necessidades reais da população e procura dar respostas positivas a elas.








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