"Esse aplicativo deve ser entendido como política pública", diz Paulo Teixeira

Texto: Caroline Pires

Fotos: Evelyn Parreira e Eduardo Bandeira

Uma ferramenta acessível, funcional e com impacto direto na vida de milhares de agricultores familiares e gestores públicos. Este é o aplicativo Assistente Pnae, lançado na segunda-feira (1/7), pelo ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira. O projeto, nasceu em 2018, a partir de diversas ações, encabeçadas pela UFG em parceria com outras instituições públicas para, a um só tempo, gerar renda para o produtor e oferecer uma alimentação de qualidade para os estudantes de escolas públicas brasileiros, auxiliando no dia-a-dia da gestão do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae). A expectativa é que o Assistente Pnae dê mais transparência aos processos de compra e venda de alimentos pelo poder público. O lançamento foi realizado no teatro Belkiss Spencière, na Escola de Música e Artes Cênicas da UFG, e contou com a presença de gestores da Universidade e diversos órgãos externos ligados ao tema. Confira a galeria de fotos do evento.

O professor Maico Roris, da Faculdade de Ciências e Tecnologia da UFG, idealizador do projeto, conta que o desenvolvimento do aplicativo foi bastante complexo e desafiador. “Começamos a traçar há vários anos o modelo matemático que desse conta da complexidade e dos detalhes para a efetivação de um projeto como esse”, lembrou. Ele explica que precisou também construir um mapeamento para entender as etapas que devem ser cumpridas pelos produtores. “Com altos e baixos, já são 10 anos em que nós estamos entendendo os procedimentos padrões junto com os agricultores familiares. Entendendo com eles os empecilhos e traçando análises de viabilidades”, explicou. Segundo ele, a ideia é possibilitar a comercialização direta, gerando renda para os agricultores familiares, facilitando a compreensão sobre os requisitos dos editais e oferecendo sugestões bem claras para os usuários, com recomendação, ou não, de viabilidade dos projetos de venda. “Já do lado da gestão escolar, há a possibilidade de também facilitar também a escolha pelos gestores”, ressaltou. Neste momento, já há parceria com sete prefeituras do estado de Goiás para avaliar a usabilidade e os efeitos do uso do Assistente Pnae", finalizou o professor.

Evento celebrou a nova ferramenta e reuniu ideias e falas de defesa da agricultura familiar

O assessor da Financiadora de Estudos e Projetos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, e reitor da UFG, por três mandatos, Edward Madureira Brasil, lembrou que a Feira Agro Centro-Oeste Familiar, que se realiza anualmente há 24 anos, também foi uma inspiração para o projeto. “Se conseguirmos aprimorar cada vez mais essa rede de vários parceiros, vamos seguir provando que a agricultura familiar no Brasil tem jeito e tem sucesso”, afirmou. Já o prefeito da cidade de Goiás, Aderson Gouvea, conta que mais de 4 mil pessoas chegaram na cidade de Goiás por conta dos assentamentos na região. “A cidade sem dúvida foi impactada com a chegada desses agricultores familiares, o que muito nos alegra. Um viva para a agricultura familiar e estaremos nos 300 anos da cidade de Goiás comemorando de mãos dadas com os agricultores”, antecipou o prefeito. Gilvan Rodrigues, coordenador do MST em Goiás, deixou uma pedido para o ministro, “junto com esse aplicativo precisamos de capacitação técnica e condições de internet para podemos seguir oferendo comida na mesa dos brasileiros”. Ele lembrou da importância de que todos os processos sejam transparentes.

“Esse aplicativo é um presente”, considerou Lilian Rahal, secretária Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, ao lembrar o desafio que é colocar comida na mesa dos brasileiros. O deputado Rubens Ottoni celebrou o protagonismo dos movimentos sociais nesse tipo de trabalho. “Queremos agradecer a forma como a valorização da agricultura familiar, que tem sensibilidade para ouvir e agir”, frisou o deputado. Lembrando da reconstrução da reforma agrária e a luta contra a fome, Adriana Accorsi destacou que a UFG é uma instituição empenhada com essas questões. “Desde pesquisas sobre mulheres, planos de drenagem ou seja na pandemia, essa universidade é destaque em tudo que faz. Que a sociedade avance de mãos dadas com a universidade”, pontuou a deputada.

Maico Roris: anos de trabalho para construir aplicativo com soluções para os desafios do Pnae

Por fim, reitora da UFG, Angelita Pereira de Lima, afirmou que a Universidade se compromete com a formação, mas também quer fortalecer o sistema de cooperativas com a agricultura familiar. “Na nossa agência de inovação fazemos o compromisso de criar um centro de incubação de cooperativas para agriculturas familiares no Brasil, para capacitar os agricultores. Acreditamos colaborar ainda mais com esse tema. Estamos no lugar certo, com as pessoas certas e as ferramentas certas”, anunciou a reitora.

Lembrando que visitou a UFG há um ano, o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, considerou que “tudo deu certo nessa universidade neste tempo e está muito maior do que eu imaginava que iria encontrar. Passei um dia muito produtivo hoje e saio com muitas ideias”, afirmou. O ministro destacou que o Assistente Pnae acima de tudo oferece muita transparência. “Esse aplicativo tem que ser incorporado a políticas públicas. E eu com certeza irei levar a ideia para Brasília”, defendeu. Segundo ele, a produção de alimentos é a base para que se possa tirar o País da fome completamente. “Precisamos produção de arroz e feijão suficiente para o povo brasileiro, e não para a exportação. Hoje nosso grande desafio é produzir alimentos saudáveis e também o acesso a eles”, finalizou o ministro.

Os projetos foram conduzidos em parceria entre a UFG e diversas instituições de ensino, pesquisa e extensão nacionais (Universidade Federal de São Carlos - UFSCar, Universidade de São Paulo - USP, Universidade Federal de Ouro Preto - Ufop e Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo - IFSP) e internacionais (Politecnico de Torino - Polito, National Technical University of Athens - NTUA, Karlsruhe Institute of Technology - KIT, University of Edimburg - UoE, University of Strathclyde - UoS, Universidad Peruana de Ciencias Aplicadas - APC, Universidad Catolica Del Norte - UCN, Institute of Child Nutrition Business School - ICN), além de organizações camponesas e órgãos públicos nas esferas municipais, estaduais e federais relacionadas ao Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae). Destaca-se que para o desenvolvimento dos projetos, os recursos foram provenientes do Ministério de Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg), do Newton Fund, British Council e pela Pró-Reitoria de Extensão e Cultura da Universidade Federal de Goiás (UFG).

"Precisamos valorizar quem coloca comida na mesa dos brasileiros", afirma ministro Paulo Teixeira

Paulo Teixeira e Angelita Pereira de Lima com a equipe que participou da construção do aplicativo